Netflix x Paramount x Warner: é o fim do cinema como conhecemos?
A Netflix abalou Hollywood ao anunciar um acordo para comprar os estúdios, a divisão de TV e o braço de streaming da Warner Bros. Discovery, em um negócio estimado em mais de 70 bilhões de dólares, incluindo marcas como HBO e HBO Max. Poucos dias depois, o conglomerado Paramount Skydance reagiu com uma oferta hostil diretamente aos acionistas, oferecendo um valor ainda maior por ação e mirando não só os estúdios, mas também os canais lineares da companhia, como CNN e TNT Sports.
Em jogo está um dos catálogos mais valiosos da cultura pop, que reúne franquias como Harry Potter, Friends e Game of Thrones, fundamentais para audiência em streaming, vendas de produtos e novas adaptações. A possível venda da Warner acontece em plena temporada de premiações, com o estúdio lançando títulos pensados para o cinema, o que alimenta o temor de que, sob o comando de uma gigante do streaming, produções desse porte passem a ir direto para as plataformas, esvaziando a experiência nas salas.
Produtores, diretores e roteiristas também se mostram preocupados com a concentração de poder: a perda de um grande estúdio independente reduz as alternativas para negociar projetos, enfraquece o poder de barganha e pode levar a uma homogeneização criativa guiada por algoritmos e metas de corte de custos. Ao mesmo tempo, executivos argumentam que a fusão traria sinergias bilionárias e maior competitividade frente a outros gigantes como Disney e Amazon.
O negócio se tornou um teste central para órgãos antitruste nos Estados Unidos e na Europa, que já sinalizam uma análise rigorosa sobre o impacto no mercado de streaming e TV. A administração de Donald Trump demonstrou ceticismo em relação ao acordo, levantando dúvidas sobre concentração excessiva e abrindo espaço para exigência de remédios, como venda de ativos.
Qualquer que seja o desfecho, a disputa entre Netflix e Paramount Skydance pelo controle da Warner deve redesenhar o mapa do entretenimento global e acende um alerta para quem defende diversidade de janelas, financiadores e vozes criativas em Hollywood.