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Godzilla e Kong | Qual é o maior monstro do cinema?

Quem é maior, Godzilla ou Kong? Usamos diferentes atributos, como tamanho físico, número de filmes e até estatuetas do Oscar, para saber quem venceria

27 mar 2024 - 14h48
(atualizado às 17h57)
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Quem venceria em uma briga, Godzilla ou Kong? A eterna pergunta, que chegou a motivar toda uma série de filmes, está prestes a receber mais uma resposta. Com a chegada de Godzilla e Kong: O Novo Império, os dois monstrengos vão se encontrar mais uma vez. A diferença é que, desta vez, eles terão que se unir para enfrentar uma ameaça ainda maior do que a própria dupla.

Foto: Reprodução/Canaltech / Canaltech
Amigos e rivais, Godzilla e Kong têm história longa no cinema, mas também uma boa dose de inconsistências (Imagem: Divulgação/Legendary)
Amigos e rivais, Godzilla e Kong têm história longa no cinema, mas também uma boa dose de inconsistências (Imagem: Divulgação/Legendary)
Foto: Canaltech

O clichê, é claro, acompanha um encerramento que pode ser previsível. Mas acima dele, e dos monstros que permeiam o universo dos dois personagens, está um duelo de titãs que são figuras carimbadas da cultura pop. A batalha, também, é entre escolas de cinema de lados diferentes do mundo e apostas em personagens clássicos do imaginário popular.

Quem é o maior, então? Para colocar Godzilla e Kong para baterem de frente, usamos diferentes atributos que vão além da altura dos bichões, altamente variável de acordo com o produto analisado. Confira:

Altura

Para facilitar as coisas, vamos começar com os elementos mais objetivos — ou não. Em sua essência, tanto Godzilla quanto Kong são monstros gigantes, que destroem completamente as cidades por onde passam como se arranha-céus e viadutos não fossem nada. A altura, então, é elemento fundamental do mito por trás dos dois, como se espera de um kaiju.

A medida exata, porém, é discutível, variando de uma produção para outra ou até mesmo dentro de um mesmo filme. A altura do macacão também depende muito do tipo de imagem que o cineasta responsável pelo projeto deseja passar.

O King Kong em imagem promocional de seu filme de estreia, lançado em 1933 (Imagem: Divulgação/Warner Bros.)
O King Kong em imagem promocional de seu filme de estreia, lançado em 1933 (Imagem: Divulgação/Warner Bros.)
Foto: Canaltech

Em suas cenas mais icônicas, escalando o Empire State em seu longa de estreia, em 1933, o King Kong tem 7,3 metros de altura — o marketing do filme, porém, falava em 15 metros, mais do que o dobro. Entre os anos 1930 e 2005, as produções do personagem variaram entre 7,6 metros e 20 metros de altura.

No MonsterVerso, o personagem atingiu sua maior altura histórica, mas ela também varia. Em Kong: A Ilha da Caveira, ele media 31,6 metros, uma altura que foi reajustada para mais de 102 metros quando ele enfrentou Godzilla pela primeira vez, no filme de 2021. É esse o parâmetro presente, também, em O Novo Império.

A altura de Godzilla, por outro lado, é um pouco mais consistente. Entre a estreia do personagem, em 1954, até 1975, 15 filmes foram parte da chamada série clássica do monstrengo, todos com uma altura bem estabelecida: 50 metros. Já na era seguinte, que vai de 1984 a 1995, o lagartão cresceu para cerca de 80 metros, chegando até 100 metros junto com a década de 1990.

Godzilla voltaria a medir 50 metros entre 1999 e 2004, na chamada Era Millenium de filmes no Japão. Enquanto isso, no Ocidente, o diretor Roland Emmerich (Independence Day) promoveu uma visita à cidade de Nova York com um monstro de 70 metros; mais recentemente, a nova série de filmes do lagartão no Japão o mostraria evoluindo de 28 metros de altura para mais de 118 metros ao longo de Shin Godzilla, de 2016.

O mais alto dos Godzillas japoneses, entretanto, não é maior do que a versão vista no MonsterVerso. Ao longo de cinco filmes, sua altura é fixada em 119,8 metros, garantindo o primeiro ponto para o lagartão nesse embate de Titãs.

Número de filmes

Aqui, felizmente, temos um critério mais objetivo e consistente, além de uma ampla vantagem para o Godzilla. Ainda que sua estreia tenha acontecido em 1954, quase 30 anos depois do rival, o monstro japonês conta com 38 filmes oficiais em seu currículo, entre versões feitas no Japão e adaptações ocidentais.

Como dito, a saga do monstro é dividida em épocas, com a primeira sendo a Era Showa, composta por 15 filmes lançados entre 1954 e 1975. Foi ela quem introduziu o personagem como uma metáfora para o temor envolvendo a bomba atômica, mas também desenvolveu seu caráter, que saiu de um destruidor de cidades para um herói na luta contra outras criaturas.

Um reboot viria em 1984, com a Era Heisei introduzindo ainda mais críticas sociais e uma nova origem ao Godzilla, a partir dos dinossauros, ao longo de 13 filmes até 1995. Seu aniversário de 30 anos foi comemorado a partir de 1999 com a Millenium Era, com um retorno às origens e mais seis filmes até 2004; hoje, estamos na chamada Era Reiwa, que começou em 2016 e está em sua segunda produção.

Isso, claro, apenas no Japão, com o sucesso da criatura fora do país também levando a adaptações. Foi desse movimento que veio Godzilla, de 1998 e com Matthew Broderick (Curtindo a Vida Adoidado) no papel principal e, agora, o MonsterVerso, no qual o lagarto gigante tem dois filmes próprios e dois crossovers com Kong.

Já o monstro que nasceu como King Kong apareceu pela primeira vez nas telas quase 20 anos antes, em 1933. Sua origem sempre foi basicamente a mesma, como uma criatura da mítica Ilha da Caveira que vive em meio a animais pré-históricos e longe da influência humana. Na história original, refeita em 2005 pelo diretor Peter Jackson (O Senhor dos Anéis), ele é encontrado, capturado e trazido a Nova York como uma atração.

A saga do macacão nos cinemas também tem pouca consistência, com direito a diferentes reboots, sequências não relacionadas e longas de animação. Ao longo de seus mais de 90 anos de história, ele já teve um filho, lutou contra robôs, deslizou com a bunda de fora no Central Park e chegou até o Japão, em uma produção perdida chamada The King Kong That Appeared in Edo — em uma coincidência perversa, a única cópia do filme foi destruída no bombardeio atômico em Hiroshima.

Entre animações e filmes considerados oficiais, Kong já protagonizou 13 produções — incluindo duas pelas mãos da Toho, a mesma produtora dos filmes de Godzilla. No MonsterVerso, ele tem um filme próprio, A Ilha da Caveira, de 2017, além dos dois crossovers com o lagartão, que sai na frente mais uma vez.

The King Kong That Appeared in Edo foi o primeiro filme japonês do macacão, destruído após o bombardeio atômico no país, ao final da Segunda Guerra Mundial (Imagem: Reprodução/Zenkatsu)
The King Kong That Appeared in Edo foi o primeiro filme japonês do macacão, destruído após o bombardeio atômico no país, ao final da Segunda Guerra Mundial (Imagem: Reprodução/Zenkatsu)
Foto: Canaltech

Premiações

Assim como os filmes de terror, os longas de monstros gigantes não parecem cair muito nas graças do Oscar, o principal prêmio da indústria americana de cinema. Mesmo assim, Kong aparece neste quesito com vantagem sobre Godzilla, ainda que ambos não sejam, de maneira geral, figurinhas carimbadas nas listas de indicados.

Em sua história, Kong tem quatro estatuetas em sua caverna na Ilha da Caveira. Ele levou o Oscar de Melhores Efeitos Visuais em 1977, por seu primeiro reboot entitulado apenas King Kong, e novamente em 2006 pela adaptação feita por Jackson. O longa também ganhou nas categorias de Edição e Mixagem de Som.

O filme de 1976, que é até hoje uma das versões mais conhecidas do personagem, também garantiu um Globo de Ouro de melhor atriz para Jessica Lange (Tootsie), que fazia sua estreia no cinema. King Kong, de 2005, também levou o BAFTA de Melhores Efeitos Visuais, entregue pela Academia Britânica de Cinema e Televisão.

Já o monstro japonês, por sua vez, venceu apenas uma vez. Em 2024, Godzilla Minus One se tornou o primeiro filme do personagem a vencer um Oscar, também na categoria de Efeitos Visuais. O longa também marcou a primeira estatueta do Japão nesta categoria, um fato amplamente comemorado pelos realizadores desde a indicação.

Outros prêmios recebidos pelo personagem incluem um MTV Movie Awards pelo conjunto da obra, recebido pelo próprio criador do personagem, Shogo Tomiyama, e oito estatuetas da Academia Japonesa Cinema. Porém, ele também tem um Framboesa de Ouro na prateleira, quando a versão americana Godzilla, de 1998, levou como pior remake ou sequência.

Impacto cultural

Com o combate em vantagem para o lagarto nuclear, chegamos ao aspecto mais subjetivo de todos. Em qualquer faixa de idade, é difícil encontrar alguém que não conheça Godzilla ou Kong, mesmo jamais tendo assistido a qualquer filme dos personagens.

A cena em que King Kong escala até o topo do Empire State é considerada uma das mais clássicas do cinema e um marco nos efeitos visuais (Imagem: Divulgação/Warner Bros.)
A cena em que King Kong escala até o topo do Empire State é considerada uma das mais clássicas do cinema e um marco nos efeitos visuais (Imagem: Divulgação/Warner Bros.)
Foto: Canaltech

A já citada cena do macacão escalando o Empire State Building, em seu filme de estreia, é um dos momentos mais clássicos do cinema ocidental. Kong já esteve em um episódio de Os Simpsons e fez participação especial em Submarino Amarelo, dos Beatles; na música, aliás, ele também aparece na obra do ABBA e Frank Zappa, como parte de seu projeto experimental The Mothers of Invention.

Já Godzilla se tornou um símbolo da própria cultura japonesa. O lagartão também é o responsável por solidificar os kaijus, termo nipônico para "monstro gigante", como parte da cultura pop global — Steven Spielberg cita Godzilla: O Rei dos Monstros, de 1956, como sua maior inspiração na criação de Tubarão e Jurassic Park.

Estátiua de King Kong criada pelo artista Nicholas Monro esteve em exibição na cidade de Birmingham, na Inglaterra (Imagem: Rob Annable/Creative Commons)
Estátiua de King Kong criada pelo artista Nicholas Monro esteve em exibição na cidade de Birmingham, na Inglaterra (Imagem: Rob Annable/Creative Commons)
Foto: Canaltech

Em 1972, uma estátua de 5,5 metros de Kong Kong foi criada pelo escultor pop Nicholas Monro e exibida em diferentes pontos da cidade de Birminghman, na Inglaterra; hoje, ela está guardada na coleção pessoal do artista inglês Henry Moore, enquanto uma maquete pode ser visitada na Galeria de Arte Wolverhampton.

O busto de Godzilla no bairro de Shinjuku, em Tóquio; um hotel, no mesmo edifício, permite alugar um quarto com vista para o monstro (Imagem: Felipe Demartini/Canaltech)
O busto de Godzilla no bairro de Shinjuku, em Tóquio; um hotel, no mesmo edifício, permite alugar um quarto com vista para o monstro (Imagem: Felipe Demartini/Canaltech)
Foto: Canaltech

Quem quiser ver o Godzilla de perto, porém, pode fazer uma visita ao bairro de Shinjuku, na capital japonesa de Tóquio. Debruçado sobre um complexo de 12 salas de cinema da produtora Toho está um busto do personagem, que emite sons e solta fumaça em períodos aleatórios ao longo do dia. No Hotel Gracery, que fica no local, também há um quarto tematizado do personagem que pode ser alugado por hóspedes, com vista direta para o lagartão.

Rodada bônus: o confronto original

Se engana quem pensa que o MonsterVerso marcou o primeiro encontro entre Godzilla e Kong. Isso até pode ser verdade quando consideramos o cinema ocidental, mas no Japão, as criaturas já se enfrentaram em um filme de 1962, distribuído pela Toho e marcando a primeira aparição da dupla no cinema a cores.

Na história de King Kong vs. Godzilla, um navio nuclear americano se acidenta em um iceberg e acaba acordando o Godzilla, enquanto Kong é capturado por uma empresa farmacêutica para ser usado como peça publicitária. Todos, rapidamente, percebem as más ideias quando as criaturas escapam e começam a destruir as cidades japonesas.

O filme tem duas batalhas, com o macacão escapando da primeira após perceber que não conseguiria vencer. Na segunda, após devastarem a cidade de Atami, aos pés do Monte Fuji, eles despencam de um precipício do qual apenas Kong é visto saindo. Godzilla não aparece mais após o combate, mas os personagens especulam que ele também teria sobrevivido.

Até hoje, King Kong vs. Godzilla é o filme do lagartão com maior bilheteria da história e um dos filmes mais lucrativos da história do Japão. O sucesso, inclusive, fez com que a produtora Toho se animasse para voltar a trabalhar em filmes do personagem, que se encontrava em um hiato desde 1955, diante do fracasso do segundo filme do monstro, Godzilla Raids Again.

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