Comédia 'Se Beber Não Case 2' repete piadas e perde força
Nos primeiros minutos de Se Beber Não Case 2, escutamos duas músicas distintas do cantor Kanye West. Conhecido por ser tão genial em sua música quanto hostil em suas letras, Kanye é hoje um artista cuja marca se constrói nessa ideia de que expor suas fraquezas com uma certa agressividade pode ser brilhante e original. Ao usá-lo para abrir o filme, a produção dessa nova comédia tenta dar esse mesmo tom aos seus personagens. Mas o que acontece aqui é que as fraquezas do trio principal não nos acrescentam nada que já não tenhamos, de fato, visto no primeiro título da série. E a agressividade de algumas piadas, ao contrário do que aconteceu naquele filme de 2009, deixou de ser genial simplesmente porque deixou de ser original.
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Se Beber Não Case 2 já começa complicado ao repetir a premissa do primeiro filme. Em outras palavras, temos novamente três amigos - Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) - acordando após uma noite de entorpecentes, sem lembrar nada do que se passou nas últimas horas. Embora difícil de ser replicado, o argumento da ressaca desmemoriada é engraçado e por isso damos uma chance ao roteiro. Mas eis então o problema: o roteiro.
Antes, um esclarecimento. Para quem não viu o primeiro Se Beber Não Case, filme que, a propósito, é bastante eficaz em nos fazer rir do jeito mais besta do mundo, eis o resumo da trama: quatro amigos se reúnem para uma despedida de solteiro em Las Vegas e, depois de uma rodada de bebidas, acordam no dia seguinte não mais em quatro, mas em três. A memória e o noivo sumiram, o personagem de Stu tem um dente a menos e Alan se apega a um bebê que surge do nada.
Tendo isso dito, com o segundo filme, fica a sensação de que o diretor Todd Phillips, ao lado dos roteiristas Craig Mazin e Scot Armstrong, estavam eles mesmos ressacados no dia em que saiu o sinal verde para a produção. E aí, cambaleando entre papéis, decalcaram aquele script vencedor do Globo de Ouro e fizeram algumas poucas alterações. Trocaram Las Vegas por Bangkok, o bebê por um macaco, um dente por uma tatuagem, um noivo sumido por outro um adolescente desaparecido e voilá, temos mais um filme pronto.
Mas ok, a despeito da falta de originalidade, ainda há tempo para dar um crédito. Esses mesmos roteiristas têm a mão boa para anedotas caóticas e imagina-se que eles façam alguma coisa de interessante com os bons atores que têm em mãos. Mas à exceção de uma ou outra sacada com o personagem de Alan - Zach Galifianakis tem vida própria nessa saga e parece ser ele mesmo a grande piada -, o filme cai na solução fácil do óbvio grotesco e de uma quase pornochanchada, sem levar em conta aquela velha visão preconceituosa da América diante dos estrangeiros pobres, sorridentes e desdentados.
Quanto ao modo como a trama se fecha, bem, tudo que se pode dizer que as soluções usadas para resolver os diversos problemas da ressaca monstra são exatamente as mesmas no primeiro e segundo filme. Assim, fica até difícil levar as piadas como elas precisam ser levadas, na brincadeira.