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Crítica Dom | Última temporada consagra série nacional como uma das melhores

A última temporada de Dom termina a série sem perder o fôlego e entregando cinco episódios eletrizantes para o público.

24 mai 2024 - 04h15
(atualizado às 19h45)
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A série policial do Prime Video, Dom, estreou em 2021 e, desde então, mostrou ao público e à crítica seu potencial para ser reconhecida como uma das melhores produções brasileiras da atualidade. Com roteiro bem amarrado, ritmo ágil — mas não apressado —, boas cenas de ação e um toque de drama familiar, a obra contou a história de Pedro Dom, o bandido gato, filho de ex-policial que se tornou um dos maiores assaltantes do Rio de Janeiro.

Foto: Prime Video / Canaltech

Na terceira e última temporada, o enredo focou em encerrar a história, mostrando o protagonista tentando largar o mundo do crime ao mesmo tempo em que enfrentava o cerco armado pela polícia e a ira de Colibri (Murilo Sapaio), chefe da Rocinha. Sem o olhar cuidadoso do diretor Breno Silveira, que morreu de infarto em 2022, a trama teve que ser conduzida por Adrian Teijido,  diretor de fotografia que já  fazia parte da equipe de produção e que conseguiu encerrar o trabalho do amigo de forma magistral.

Além de enfrentar Colibri, Dom também tem que enfrentar o chefe da Maré. (Divulgação/Prime Video)
Além de enfrentar Colibri, Dom também tem que enfrentar o chefe da Maré. (Divulgação/Prime Video)
Foto: Canaltech

A última temporada funciona como um labirinto claustrofóbico e convida o público a percorrer os becos de uma das maiores favelas do Brasil enquanto acompanha Dom tentando não ser preso. No jogo de gato e rato com a polícia, a novidade ficou por conta de mostrar a corrupção dos fardados, com policiais não apenas facilitando a vida dos bandidos, como também fazendo acordos com a facção.

Essa mesma corrupção também é mostrada do outro lado da moeda. O governador do Estado se curva às exigências da facção percebendo que não tem mais controle sobre a criminalidade.

Nesta corrida toda contra o tempo, há alguns furos de roteiro que deixam a desejar e transformam Dom em um verdadeiro Homem-Aranha, desses que escala prédios imensos, pula de qualquer altura e cai milhões de vezes, mas não se machuca. Mesmo sendo baseado no livro homônimo escrito por Tony Bellotto, fica fácil perceber as cenas que foram criadas só para dar mais emoção à história.

A última temporada de Dom não perde fôlego e continua cheio de cenas de ação. (Divulgação/Prime Video)
A última temporada de Dom não perde fôlego e continua cheio de cenas de ação. (Divulgação/Prime Video)
Foto: Canaltech

Um eterno meninão

Voltando para os momentos verossímeis, Pedro Dom sempre é chamado de "moleque", provando que o machismo impera no morro e no asfalto. Mesmo sendo considerado um dos maiores assaltantes da capital carioca, tendo uma filha pequena para criar, amargando uma passagem pela cadeia, ele é considerado pelo pai, Victor Dantas, e pela polícia como um meninão que não sabe o que faz. Jasmin, sua namorada, que tem idade similar, não foi tratada dessa maneira em nenhum momento da série.

E por falar em família, a presença da mãe de Dom (Laila Garin) se tornou mais escassa com o passar das temporadas. Nesta terceira, ela aparece apenas em uma cena, quando recebe  a notícia da morte do filho. Isso reforça o fato de que a obra foi totalmente pensada para agradar o pai de Dom na vida real. À medida que a mãe e a irmã questionaram a narrativa, seus personagens na trama foram sendo apagados.

Dom é tratado por todos como um eterno meninão. (Divulgação/Prime Video)
Dom é tratado por todos como um eterno meninão. (Divulgação/Prime Video)
Foto: Canaltech

Tiro, porrada e bomba

Uma característica muito notável de Dom é a violência marcada pelas trocas de tiro, socos e granadas. A última parte da série reforça isso com excelentes cenas de perseguição, e prova que é possível usar esses artifícios sem cair na superficialidade. Além disso, todos os efeitos especiais, as tomadas aéreas e as maquiagens dos atores servem para dar mais força à narrativa e torná-la um épico de um herói invertido. 

Como o desfecho já era sabido — Pedro Dom morre em uma perseguição policial — a série tinha o desafio de conduzir o público até esse momento, sem deixar a história cair na mesmice. Felizmente, Teijido conseguiu criar cinco episódios eletrizantes que não deixam a audiência nem piscar. Quem reclamou que três temporadas seriam insuficientes para finalizar a história, irá se surpreender com a qualidade de cada capítulo.

Dalton Vigh é um jornalista travado e mal conduzido. (Divulgação/Prime Video)
Dalton Vigh é um jornalista travado e mal conduzido. (Divulgação/Prime Video)
Foto: Canaltech

O ponto negativo é que com a história de Dom avançando cada vez mais, a trama paralela de Victor na década de 1990 fica desinteressante. Apenas o gancho do câncer de pulmão traz força para o personagem, que é interpretado pelo incrível Flávio Tolezani. Aliás ele é um dos grandes destaques da série, já que tem uma atuação impecável, ao contrário de Dalton Vigh que entrega a pior performace de sua carreira. Quem também brilha é Gabriel Leone, o protagonista irreparável.

Assim, com muito mais acertos do que erros e uma trama muito interessante, termina Dom, um grande acerto nacional do Prime Video que merece ser maratonada o quanto antes.

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