Por que a Fiat vai "roubar" a picape Landtrek da Peugeot
AUTO ANÁLISE: Fiat está acostumada a brigar com GM, Ford, Toyota e Volkswagen. Mais do que isso: está acostumada a ganhar de todas elas
A Peugeot anunciou o lançamento da picape Landtrek para o mercado brasileiro, mas quem vai saborear os lucros deste lançamento é a Fiat. A decisão de fabricar o Peugeot Landtrek no Uruguai (para vender no Brasil e na Argentina) foi tomada antes de a PSA e a FCA se unirem para formar a supermontadora Stellantis.
Quando recebeu sinal verde para fazer o que fosse melhor para o negócio na América do Sul, considerando todos os produtos da Fiat, da Peugeot, da Citroën, da Jeep e da Ram, o CEO da Stellantis Latam, Antonio Filosa, precisou acertar as rotas de voo sem que houvesse colisão entre as marcas.
A decisão de vender a picape Landtrek na rede Fiat e não na rede Peugeot, embora não tenha sido confirmada oficialmente, tem a ver com o posicionamento das marcas. Para a Stellantis, tanto faz se um carro é vendido na Fiat ou na Peugeot, pois o cofre agora é o mesmo.
Porém, um produto como a picape Landtrek, que vai competir contra pesos-pesados no segmento C-Pick-up, tem mais chances de sucesso se ficar atrelado com uma marca que já vende picapes, como a Fiat, do que com uma que não tem tradição nesse mercado.
A Fiat está bem posicionada no segmento de picapes pequenas e compactas com os modelos Strada e Toro. Tanto o Fiat Strada quanto o Fiat Toro são líderes em suas categorias. Líderes disparados. É mais fácil atingir o potencial cliente da picape Landtrek a partir da base da Fiat, que já lida com empresários do agronegócio, do que com a base da Peugeot, que vende carros pequenos e aspiracionais.
Para além disso, uma picape que vai concorrer com Toyota Hilux, Chevrolet S10, Ford Ranger, Mitsubishi L200, Nissan Frontier e Volkswagen Amarok precisa, antes de tudo, passar confiabilidade. E isso é tudo que a Peugeot ainda não passa para o público – apesar de essa fama ser injusta em grande parte, pois os carros da marca são bons e o atendimento melhorou.
Para a Stellantis, é melhor não correr o risco. Para a Peugeot também pode ser melhor assim. Ao invés de investir num novo tipo de cliente (que não é o mesmo dos veículos comerciais vendidos pela marca do leão), a Peugeot pode se concentrar em carros compactos e médios com as novas tecnologias globais.
Ao invés de bater cabeça com uma picape, a Peugeot terá a missão de ser a marca que vai liderar o mercado de carros elétricos para a Stellantis. Os carros da Peugeot passarão a ser reconhecidos pela alta qualidade, pelo design excitante, pela propulsão elétrica ou híbrida e pelo prazer ao dirigir.
A briga das picapes, portanto, ficará mesmo com a Fiat. Se Antonio Filosa confirmar isso, que veio à tona por meio de reportagem do canal Motores e Ação, do jornalista Freire Neto, e depois confirmada também por nós do Guia do Carro e pelo site Autos Segredos, do jornalista Marlos Ney Vidal, estará fazendo a coisa certa.
A Fiat está acostumada a brigar com a GM, a Ford, a Toyota e a Volkswagen. Mais do que isso: está acostumada a ganhar de todas elas, na maioria das vezes. Resta saber agora se a picape vai se chamar Fiat Landtrek ou se terá um outro nome – o que é mais provável, considerando que o veículo é vendido como Peugeot Landtrek no México.
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