CEO da Fiat acredita em carro híbrido popular no futuro
Antonio Filosa, presidente da Stellantis (Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep) prevê dois momentos para os carros de entrada no Brasil
Quando fala em carro popular no Brasil, Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul, sabe que o peso maior é da Fiat, a marca líder do grupo que tem também Peugeot, Citroën e Jeep produzindo veículos no país. Por isso, chama a atenção para o fato de que só o Fiat Mobi e o Renault Kwid são verdadeiros carros de entrada.
“Talvez devemos mudar o termo carro popular para carro de entrada”, sugere Filosa. “Hoje ele não pode ser elétrico. Para uma autonomia de 400 km tem que gastar 15.000 euros de bateria. No futuro próximo vai ser híbrido com etanol. No futuro o carro popular, ou carro de entrada, vai ter todas as novas tecnologias.”
Mas qual futuro? Para o futuro imediato, Filosa disse que a Fiat (talvez também a Citroën e a Peugeot) pode colaborar num programa de carro popular acessível. “Hoje o carro de entrada é caro, mas não temos condições de fazê-lo mais barato”, disse. Por isso, ele diz que a iniciativa deve ser liderada pela Fenabrave, por ser mais ligada ao comércio, e não pela Anfavea, que tem divergências internas.
“Tenho visto interesse de associações, como a Fenabrave. Fui chamado a dar opinião. Algo está movendo”, disse Filosa. “Eu digo que a Stellantis está interessada em dar suporte para isso, desde que seja projeto de médio e longo prazo.” Uma das alternativas seria a de ter um carro com legislação específica para o segmento de entrada, sem tantas exigências de equipamentos.
Filosa esclarece que não está falando em carro inseguro, mas sim com menores exigências de equipamentos, para que o preço caia. Junto a isso, a redução da carga tributária sobre essa categoria e melhores condições de financiamento também seriam fundamentais.
Carro popular elétrico
A Stellantis é pragmática: cumpre o que está na legislação e nos compromissos do país. “O Brasil é um país sério e cumpre seus compromissos”, disse Filosa. “Há um compromisso de reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030 e de zerar as emissões até 2050.” É com esses prazos que a Stellantis trabalha.
Por isso, um carro popular elétrico, na visão de Filosa, só ocorrerá depois que o mercado estiver maduro, com a indústria produzindo localmente não apenas veículos híbridos e elétricos, mas também baterias. “O carro popular elétrico vai ser possível quando tiver escala”, disse. “Hoje tem carro elétrico barato chinês com autonomia de 100 km.”
Filosa também disse que “o governo não deve discutir eletrificação, deve discutir o problema; e o problema é a descarbonização”. Filosa fez essa afirmação ao defender o uso do etanol nas tecnologias híbridas. Coisa, aliás, que a Toyota já faz, mas Filosa vê de forma diferente.
“Não estamos falando de pegar um kit importado para montar carro híbrido em São Paulo”, disse o chefão da Fiat e da Jeep, numa clara referência à Toyota, que produz o Corolla Hybrid Flex e o Corolla Cross Hybrid Flex com sistema importado do Japão.
“A rota tecnológica é menos cara porque você precisa de aprendizagem, que precisa ou de mais dinheiro ou de mais tempo”, disse Antonio Filosa. Dentro desse panorama, o leque de possibilidades para o futuro portfólio de produtos da Stellantis América do Sul é muito grande.
Num primeiro momento, é possível lançar híbridos leves em modelos do meio da gama para cima, como os Jeep Renegade e Compass, os Fiat Pulse, Fastback e Toro, o Peugeot 2008 e o Citroën Cactus.
Posteriormente, alguns carros podem passar a ser híbridos completos ou híbridos plug-in e o híbrido leve pode migrar para modelos mais baratos, como os Fiat Mobi, Argo e Cronos, o Peugeot 208 e o Citroën C3. E sempre há a possibilidade de importar e depois fabricar um carro 100% elétrico, como o futuro Fiat Panda, que será feito na plataforma e-CMP do Peugeot e-208.
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