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Poluição aumenta risco de desenvolvimento de superbactérias

Relatório das Nações Unidas alerta para o surgimento de superbactérias associadas com a poluição e a falta de tratamento das águas residuais. Situação é crítica

10 fev 2023 - 14h41
(atualizado às 16h44)
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As superbactérias e a resistência antimicrobiana — quando os remédios não conseguem mais "matar" bactérias, vírus e fungos — estão entre as principais causas de mortes no mundo. Por ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que mais de 1,2 milhão de mortes sejam provocados diretamente pela ineficácia dos medicamentos. Mesmo com estimativas já altas, este número deve crescer nos próximos anos, impulsionado pela poluição.

Em seu último relatório, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) alerta para o impacto da poluição no aumento de superbactérias. O documento foca no uso excessivo de antibióticos e medicações por algumas indústrias, e o despejo inadequado deste tipo de esgoto nos rios. Sem tratamento, esses compostos interagem com as bactérias e outros agentes infecciosos, selecionando as cepas mais resistentes.

"Os antimicrobianos salvaram inúmeras vidas e protegeram setores econômicos vitais. Eles continuam a fazê-lo, mas sua eficácia está ameaçada. O uso descuidado dessa super arma está aumentando o surgimento de superbactérias resistentes a antimicrobianos e aumentando outros casos de resistência antimicrobiana em níveis críticos", afirma Inger Andersen, diretora-executiva do Pnuma, em coletiva de imprensa.

Como as superbactérias se proliferam com a poluição?

Foto: Gerd Altmann/Pixabay / Canaltech

Segundo o relatório, as superbactérias também podem se desenvolver através da poluição do meio ambiente pelos setores farmacêutico, agrícola e de saúde, especialmente quando as águas residuais (esgoto) não passam por tratamento.

Isso porque, de forma geral, essas indústrias manipulam altas doses de medicamentos em suas atividades. Por exemplo, a criação de frangos (avicultura) demanda uso de antibióticos, enquanto as atividades agrícolas adotam diferentes tipos de agrotóxicos e medicamentos para impedir pragas nas plantações. Sem a atenção adequada, parte dessa química vai contaminar o meio ambiente. Em locais onde não há água encanada, a situação é ainda mais desafiadora, já que pessoas podem até mesmo ingerir essa água contaminada.

Além da questão das águas residuais que envolvem a poluição biológica e química, superbactérias também são impulsionadas pelas temperaturas mais altas e padrões climáticos extremos e por mudanças no uso da terra que alteram o microbiana.

Aumento das doenças resistentes aos remédios

"Se continuarmos a despejar antimicrobianos no meio ambiente — por meio do escoamento de fazendas, efluentes da fabricação de produtos farmacêuticos, descarte de resíduos hospitalares e águas residuais municipais — podemos esperar pelo menos 10 milhões de mortes a cada ano até 2050", afirma Andersen sobre as possíveis estimativas para a resistência antimicrobiana.

Para reverter este possível futuro, o relatório defende o aumento das atividades de vigilância e incentivo aos estudos na área, além de investimentos nas redes de esgoto e no saneamento básico, focado em populações que ainda não têm acesso.

"Considerar seriamente a resistência antimicrobiana significa prevenir a poluição ambiental. Limitar a descarga de resíduos com antimicrobianos no meio ambiente é importante para todos — porque todos os setores são culpados por aumentar este fardo", completa Andersen.

Vale lembrar que, na área médica, o uso de medicações, como antibióticos, também deve ser melhor controlado, o que não ocorreu durante a pandemia da covid-19. Inclusive, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou que o número de bactérias resistentes a antibióticos triplicou no Brasil.

Fonte: Pnuma (1) e (2)  

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