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'Unicórnio' Dock demite 12% em reestruturação global após aquisições

Startup brasileira superou avaliação de mercado de US$ 1 bilhão em maio deste ano

8 nov 2022 - 17h33
(atualizado às 18h41)
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O "unicórnio" Dock, startup de infraestrutura para pagamentos avaliada em US$ 1,5 bilhão, confirmou a demissão de 12% da força de trabalho mundial da companhia. Ao todo, as dispensas somam 160 pessoas no Brasil e 30 no México.

Dock é uma startup brasileira de infraestrutura de pagamentos, avaliada em US$ 1,5 bilhão em maio de 2022
Dock é uma startup brasileira de infraestrutura de pagamentos, avaliada em US$ 1,5 bilhão em maio de 2022
Foto: Divulgação/Dock / Estadão

Funcionários demitidos da Dock foram ao LinkedIn anunciar os cortes, que aconteceram na segunda-feira passada, 7. Pouco depois, uma planilha compartilhada com os nomes dos demitidos começou a circular na rede social, com demissões nas áreas de produto, design e desenvolvimento. Ao Estadão, a startup acrescenta que as dispensas afetaram também as áreas de compliance, experiência do consumidor e Recursos Humanos.

Segundo a Dock, que se chamava Conductor até ano passado, as demissões acontecem para reestruturar a operação interna após a unificação e aquisição das startups Dock, Muxi, BPP e Cacao e eliminar cargos sobrepostos.

"Após uma revisão completa das estruturas da empresa, (a Dock) decidiu reorganizar áreas e equipes, primordialmente de suporte e fora do core business, o que resultou na decisão de reduzir o quadro de colaboradores, diminuindo sobreposições, a fim de gerar eficiência", diz o unicórnio em nota.

Aos demitidos, a startup pretende fornecer mais três meses de plano de saúde, continuidade da ferramenta de acompanhamento psicológico e do vale-alimentação e ajuda na recolocação no mercado de trabalho.

Instabilidade no mercado

Os cortes acontecem seis meses após a Dock ser alçada ao status de "unicórnio", grupo seleto de startups avaliadas acima de US$ 1 bilhão. Na ocasião, a companhia, fundada há mais de 20 anos, havia levantado US$ 110 milhões dos fundos de investimento Lightrock e Silver Lake Waterman, com participação de Riverwood Capital, Viking Global Investors e Sunley House Capital.

Além disso, a Dock pretende abrir capital na Bolsa americana em breve — mas os planos ainda estão em suspenso com as oscilações no mercado público de ações, mais instável do que há dois anos.

"Abrir o capital é uma consequência da melhor forma de fazer o financiamento da empresa", disse Antonio Soares, fundador e presidente executivo da Dock, ao Estadão/Broadcast em agosto passado.

Atualmente, a Dock possui escritórios no Brasil, México e Chile.

Crise é severa entre gigantes

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado centenas de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de "inverno das startups", após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão nos últimos meses, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando a fonte do capital parecia infinita.

O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como "late stage". Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado - sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.

Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa em 2022 estão Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, Mercado Bitcoin, Olist, Unico e Hotmart. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.

Fundos de investimento alertaram as startups sobre o cenário desafiador nos primeiros meses do ano. O investidor Masayoshi Son, presidente do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, disse em abril que o conglomerado japonês deve reduzir os investimentos em empresas de tecnologia neste ano.

Estadão
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