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Varíola dos Macacos pode ser encontrada no sêmen após 19 dias da infecção

Sêmen de paciente com sistema imunológico enfraquecido continha o vírus da varíola dos macacos, segundo estudo. O vírus conseguia se replicar em laboratório

10 ago 2022 - 12h30
(atualizado às 16h10)
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Cientistas italianos descobriram que o vírus da varíola dos macacos (monkeypox) pode ser encontrado no sêmen após 19 dias do início dos sintomas. A descoberta ocorreu em um paciente que vive com o HIV e, potencialmente, pode mudar a forma como se entende a transmissão da doença. Por enquanto, mais estudos são necessários para comprovar a hipótese com outros pacientes.

Publicado na revista científica Lancet Infectious Diseases, o estudo foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Lazzaro Spallanzani, na Itália. Segundo os testes da equipe, o vírus da varíola dos macacos era capaz de se replicar em laboratório, o que pode indicar possibilidade de transmissão da doença pela via sexual.

Foto: AtlasComposer/Envato / Canaltech

Anteriormente, "a detecção de DNA viral em amostras de sêmen foi relatada em três casos na Itália e, posteriormente, em dois pacientes com varíola dos macacos na Alemanha", explicam os autores.

Estudo encontra o vírus no sêmen após 19 dias

"Investigamos a disseminação viral em amostras longitudinais de sêmen coletadas 5 a 19 dias após o início dos sintomas de um caso confirmado de vírus da varíola dos macacos", contam os cientistas. O paciente era um homem, de 39 anos, que viajou para a Áustria durante as primeiras duas semanas de maio de 2022.

Além da viagem, o paciente relatou ter uma vida sexual ativa no último mês e se declarou como um homem que faz sexo com homens (HSH). Para além da varíola dos macacos, a pessoa convive com o HIV e é tratada com dois antivirais, dolutegravir e lamivudina.

"Ele foi internado no hospital 5 dias após o início dos sintomas. Seus sintomas incluíam febre, seguida aparecimento de lesões papulares pruriginosas agrupadas na região anal e lesões únicas na cabeça, tórax, pernas, braços, mão e pênis", detalham os autores do estudo. O paciente não tinha recebido nenhuma medicação contra a varíola dos macacos.

"O DNA do vírus Monkeypox foi detectado em todas as amostras de sêmen testadas durante o período de observação", apontam os pesquisadores. Inclusive, amostras do vírus no sêmen do sexto dia foram cultivadas em laboratório, onde se observou capacidade de replicação.

Varíola dos macacos pode ser transmitida durante o sexo?

"O sêmen coletado na fase aguda da infecção (dia 6 após o início dos sintomas) pode conter uma forma de replicação competente do vírus e representa uma fonte potencial de infecção", afirmam os cientistas sobre a nova potencial forma de transmissão da doença. No entanto, o paciente testado é imunossuprimido, ou seja, o seu sistema imunológico não funciona da forma como é esperado.

"Nosso paciente era um respondedor viro-imunológico infectado pelo HIV, portanto, não podemos excluir inteiramente a possibilidade de um efeito da desregulação imune crônica associada ao HIV na eliminação prolongada do vírus da varíola dos macacos no sêmen", explicam os autores sobre as especificidades do caso.

Este é apenas um relato específico e mais estudos são necessários para confirmar que a varíola dos macacos é uma Infecção Sexualmente Transmissíveis (IST). Por enquanto, o consenso é de que a transmissão do vírus monkeypox ocorra através do contato com as lesões características da doença e suas secreções. Isso pode ocorrer durante o sexo.

Fonte: Lancet Infectious Diseases  

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