Relógio biológico evoluiu de forma similar em todos os seres vivos
16 mai2012 - 12h19
(atualizado às 15h03)
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O relógio circadiano, que rege o ritmo biológico dos seres vivos e se ativa a cada 24 horas, evoluiu há 2.500 milhões de anos de forma parecida em todos os seres vivos, informou nesta quarta-feira a revista britânica Nature.
As espécies de macacos do continente americano são muito variadas, com cores e rostos complexos. Pesquisadores da Universidade da Califórina Los Angeles (UCLA) estão estudando as diferenças entre eles, como os entorno dos olhos cor-de-rosa deste macaco-de-cheiro
Foto: J L Alfaro/UCLA / BBC Brasil
Uma pesquisa liderada pelo neurocientista Akhilesh Reddy, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, mostra pela primeira vez que o chamado relógio biológico evoluiu de forma muito parecida desde o início da vida em todos os organismos, inclusive as bactérias, e que suas características são similares.
"Até agora, se pensava que o relógio circadiano dos diferentes organismos tinha evoluído separadamente e que cada um estava controlado por genes e proteínas diferentes. Nosso trabalho unifica a forma na qual o relógio interno controla o tempo", explicou Reddy à Agência Efe.
O relógio circadiano, responsável da regulação de um grande número de processos biológicos como o apetite, o sono e a vigília, está presente em todas as células, menos nas cancerígenas e funciona graças à produção de uma proteína denominada peroxirredoxina.
Os pesquisadores associam alterações nesta proteína com desordens como a obesidade, o diabetes, a insônia, a depressão, as doenças coronárias e o câncer, e por isso confiam que este estudo permitirá futuros avanços em relação a estas doenças.
Em um estudo divulgado no ano passado, Reddy já tinha conseguido demonstrar que os humanos não eram os únicos possuidores deste relógio biológico, que também pode ser encontrado em todos os demais organismos cujo DNA se encontra no núcleo das células, como animais e plantas.
Mediante a observação das mudanças químicas que a peroxirredoxina sofre durante o dia e a noite em ratos, moscas da fruta, fungos e bactérias, sua equipe descobriu agora que até as formas de vida mais primitivas, inclusive organismos sem núcleo, também estão reguladas por este relógio interno.
"É muito provável que todos os seres vivos tenham um mecanismo similar para medir o tempo em ciclos de 24 horas, o que representa uma descoberta completamente nova que nos permitiria investigar os ritmos circadianos em organismos nos quais não se suspeitava que os tivessem", declarou Reddy.
As espécies de macacos do continente americano são muito variadas, com cores e rostos complexos. Pesquisadores da Universidade da Califórina Los Angeles (UCLA) estão estudando as diferenças entre eles, como os entorno dos olhos cor-de-rosa deste macaco-de-cheiro
Foto: J L Alfaro/UCLA / BBC Brasil
Em um artigo publicado na revista Royal Society Journal, Proceedings B, a equipe descreve como animais de zonas tropicais, como este macaco-prego, adquiriram suas características faciais - como a cor - para facilitar o reconhecimento à distância entre eles
Foto: J L Alfaro/UCLA / BBC Brasil
Animais solitários, ou aqueles que vivem em pequenos grupos, como este macaco-da-noite, têm cores e rostos mais complexos, segundo a cientista Sharlene Santana, que liderou a pesquisa. Isso pode ter evoluído desta forma para que cada macaco tivesse uma identidade diferente, que facilitasse a distinção entre eles
Foto: C Wolovich/UCLA / BBC Brasil
A cor da face e o tamanho dos pelos são dois indícios de como os animais se adaptaram aos seus ambientes. Santana explica: "A área ao redor dos olhos evoluiu para uma cor mais escura em espécies que vivem em lugares com alta radiação ultravioleta". No caso deste macaco-aranha, o rosto escuro ajuda o animal a lidar com o sol forte
Foto: J L Alfaro/UCLA / BBC Brasil
Este mico-leão-dourado, que vive em florestas menos quentes e mais litorâneas, tem pelos longos ao redor do seu rosto. Segundo a cientista, isso ocorre porque eles vivem em lugares mais distantes da linha do Equador, e precisam se aquecer mais
Foto: J L Alfaro/UCLA / BBC Brasil
A pesquisa não abordou como muitos primatas, inclusive humanos, evoluíram ao ponto de terem diversas expressões faciais. Sharlene Santana ressalta que apesar de alguns macacos terem rostos simples e escuros, algumas espécies - como este macaco-prego - possuem um vasto repertório de expressões