Por que Putin demitiu o chefe da agência espacial russa e quer retomar as missões à Lua
País vem sofrendo há anos com a falta de investimentos, escândalos de corrupção e fracassos e está atrás dos EUA e da China
O presidente Vladimir Putin destituiu nesta quinta-feira, 6, o chefe da agência espacial russa Roscosmos, anunciou o Kremlin, que afirmou que o setor precisa se "desenvolver" após uma série de reveses e escândalos.
O líder russo "destituiu de suas funções" Yuri Borisov, que ocupava o cargo desde julho de 2022, e "designou, por meio de outro decreto", Dmitri Bakanov como novo diretor-geral da Roscosmos, informou o Kremlin em um comunicado.
"Trata-se de uma rotação. A corporação precisa se desenvolver de forma dinâmica", comentou o porta-voz da Presidência, Dmitri Peskov.
Bakanov, de 39 anos, tornou-se o chefe mais jovem da agência espacial russa desde sua criação em 1992.
Antes da nomeação, Bakanov, especialista em auditoria bancária, ocupava desde 2022 o cargo de vice-ministro dos Transportes e presidiu, de 2011 a 2019, uma empresa de comunicações por satélite, a Gonets, operadora da Roscosmos.
O setor espacial russo sofre há anos com a falta de investimentos, escândalos de corrupção e fracassos, como a falha da sonda Luna-25, que se chocou contra a superfície lunar em agosto de 2023.
Essa indústria, que possui uma longa trajetória desde a época soviética, agora está atrás dos Estados Unidos e da China.
Em dezembro de 2023, o diretor-adjunto da Roscosmos, Oleg Frolov, e outros dois acusados foram processados sob a acusação de desviar mais de US$ 4,47 milhões de dólares (R$ 25,8 milhões, cotação atual).
Esses problemas não reduzem as ambições da Rússia, que pretende construir sua própria estação espacial para substituir a envelhecida Estação Espacial Internacional (EEI) e retomar missões à Lua. /AFP
