Quase sete séculos depois, cientistas resolvem um dos maiores mistérios sobre a Peste Negra
Um novo estudo lança luz sobre uma pergunta que ninguém sabia responder: por que a pandemia eclodiu justamente no século 14?
Poucos episódios na história da humanidade são tão famosos, estudados e debatidos quanto o da Peste Negra, a epidemia que espalhou a morte pela Europa entre 1347 e 1353. Ainda assim, havia um enigma remanescente a ser resolvido: por que a epidemia aconteceu naquela época e daquela forma? Por que essa onda de morte se deu no século 14, e não antes ou depois?
Foi essa incógnita que Martin Bauch e Ulf Büntgen, do GWZO e da Universidade de Cambridge, respectivamente, quiseram solucionar em um estudo recém-publicado na Communications Earth & Environment.
Talvez o aspecto mais curioso do estudo de Bauch e Büntgen seja que ele não começa nos arquivos históricos — ou, pelo menos, esse não foi seu principal campo de trabalho. O ponto central da pesquisa está nos montes Pirineus espanhóis, mais especificamente nos pinheiros seculares encontrados ali.
Ao estudar o interior de seus troncos em busca de pistas sobre o clima medieval da Europa, os pesquisadores se depararam com algo inesperado: uma sucessão de "anéis azuis". Para a maioria das pessoas, esse detalhe passaria despercebido, mas Bauch e Büntgen enxergaram ali algo importante: a evidência de uma sequência de verões mais frios e úmidos do que o normal.
"Verões incomuns"
Quando a temperatura cai, as árvores não conseguem lignificar corretamente suas células, o que deixa uma marca azulada no registro dos anéis do tronco. Nos pinheiros dos Pireneus, os cientistas encontraram marcas desse tipo que os levam a crer que grande parte do ...
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