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Brasil amplia rede de sismógrafos para monitorar terremotos

11 jul 2012 - 15h27
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Até seis tremores de terra são registrados mensalmente no Brasil. Acha muito? Esse número deve aumentar ainda mais nos próximos anos. Calma! A previsão não se baseia na movimentação das placas tectônicas, mas na de diversas instituições de pesquisa. A Rede Sismográfica Integrada do Brasil (BraSIS) está implantando 60 estações sismográficas no País. Com a elevação do monitoramento, abalos que antes passavam despercebidos poderão ser computados.

Qual foi o maior terremoto da história do Brasil?

É possível prever terremotos?

Normalmente, os terremotos são associados a um fenômeno estrangeiro, como se o Brasil lhes fosse imune. Mas, de acordo com o diretor do Painel Global (site que faz acompanhamento mundial do fenômeno), Rogério Leite, a situação é um pouco diferente. "Os números divulgados mostram que ocorre algo entre quatro e seis abalos por mês, com magnitudes não superiores a 4.0. Mas não podemos esquecer que nossa malha de instrumentos é muito pequena. Agora mesmo pode estar ocorrendo um tremor de baixa intensidade no interior do Amazonas, mas, sem instrumentos sensíveis, ele nem entra nas estatísticas".

Embora não disponha ainda de uma estrutura completa, o Brasil robusteceu sua malha de estações sismográficas nos últimos anos. Atualmente, o Observatório Sismológico (Obsis) da Universidade de Brasília (UnB), o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) e o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) são os principais institutos que registram eventos sísmicos no País.

Projeto BraSIS

Iniciado em 2010, o Projeto BraSIS é audacioso: pretende monitorar a atividade sísmica em todo o território nacional, possibilitar a localização de epicentros e determinar as magnitudes dos sismos em tempo real. Para isso, o projeto prevê a instalação de 60 estações no País, em uma rede integrada por diversas instituições, como o IAG/USP, UFRN, UnB e o ON-MCT (Observatório Nacional do Ministério da Ciência e Tecnologia), com apoio de infraestrutura da Rede Temática de Geotectônica da Petrobrás (RGEOTEC).

A subchefe do Observatório Sismológico, Mônica von Huelsen, explica que, nos últimos quatro anos, o instituto verificou, em média, cerca de 30 eventos por ano, considerando magnitude maior que 1,7. Segundo ela, com o avanço da instalação da rede sismográfica brasileira, o número de abalos registrados, principalmente de baixa magnitude, deve crescer ainda mais. "Não é a quantidade de tremores que vai aumentar, e sim o número de registros", reforça o técnico em sismologia da USP Bruno Collaço.

Falhas geológicas

Conforme Tereza Higashi, colaboradora de sismologia do Departamento de Geofísica do IAG/USP, a localização do Brasil, no centro da Placa Sul-Americana, torna o país menos propenso a apresentar tremores com frequência e magnitudes tão grandes quanto países como Chile, Peru, Itália, Japão e outros localizados nas bordas de placas litosféricas. "Os tremores que ocorrem no Brasil têm origem em falhas geológicas. Não são terremotos de origem tectônica, mais fortes, que ocorrem ao longo das placas", esclarece Leite. Os sismos ocorrem com mais frequência no Nordeste, na região Central e no Sudeste do país, com magnitudes em geral muito baixas.

Mais terremotos?

Nos últimos anos, grandes terremotos no Haiti, na Turquia, no Chile e em outros países acarretaram desconfiança de que a incidência dos sismos estivesse crescendo em todo o mundo. Mais de 320 mil pessoas morreram em decorrência de abalos sísmicos apenas no ano de 2010, por exemplo.

O Centro Nacional de Informações sobre Terremotos dos Estados Unidos (NEIC, na sigla em inglês) registra uma média anual de 20 mil terremotos entre 1990 e 2012. O órgão prevê, a cada ano, a ocorrência de 17 terremotos grandes (de 7 a 7,9 pontos na escala Richter) e um terremoto catastrófico (a partir de 8 pontos na escala Richter).

Maior monitoramento

Assim como no Brasil, a explicação para o aparente aumento da incidência de tremores pode residir na elevação do monitoramento. De acordo com o USGS, o número de estações de detecção em 1931 era de 350 em todo o planeta. Atualmente, há mais de 8 mil delas, com maior poder de precisão e transmissão de dados. Embora o número registrado de sismos menores tenha aumentado, o número de grandes temores se mantém estável, com picos ocasionais. "O número de abalos mais fortes, acima de 6 magnitudes, parece constante e dentro da média", afirma Leite.

Percepção

Tereza elenca outros fatores que reforçam a impressão de que os terremotos estão se multiplicando. Um deles é a facilidade de acesso aos meios de comunicação. "Muita gente pensa que os tsunamis começaram com aquele de 2004, provocado pelo terremoto ocorrido na Sumatra. Entretanto, tsunamis são conhecidos há muitos séculos, especialmente no Japão, onde os danos são sempre grandes", esclarece.

Outro fator, segundo ela, constitui-se do número crescente de mortes decorrentes de abalos sísmicos. O incremento da densidade populacional pode ser um dos culpados. Hoje um terremoto tem mais chance de atingir seres humanos do que há anos atrás. Como os sismos de maior magnitude destroem as estruturas físicas que abrigam e cercam as pessoas, a falta de espaço para fugir em um evento como esse pode ser fatal.

Fonte: GHX Comunicação
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