Paleontóloga aponta falhas científicas em 'A Era do Gelo 4'
Apesar do esforço dos realizadores da série A Era do Gelo, alguns fatos apresentados no filme não correspondem à realidade. "É muito divertido ver as criaturas reconstruídas, mas as coisas ficam um pouco ridículas quando aparecem os dinossauros, que, obviamente, não estiveram presentes naquela época", avalia Sarah Joomun, paleontóloga no Museu de História Natural da Universidade de Oxford. A análise foi publicada no site do jornal britânico The Guardian.
Sobre o quarto filme da série, lançado este ano no Brasil, Sarah cita a cena em que um esquilo dente de sabre chamado Scrat causa uma grande mudança em placas tectônicas terrestres ao bater em uma camada de gelo, fazendo com que elas rachem. "Isso me fez rir, mas o ritmo de mudança da placa é altamente improvável. Naquele tempo, assim como hoje, as placas se movem de 1 a 15 cm por ano. No filme, continentes inteiros são formados em segundos", destaca a paleontóloga. Ela ressalta, ainda, que na Era do Gelo a massa terrestre já tinha sido, na maior parte, dividida da forma que está atualmente.
A cientista reconhece o esforço dos realizadores do filme. Segundo ela, a maior parte dos mamíferos apresentados - como o smilodon, popularmente conhecido como tigre-dente-de-sabre - realmente existia na Idade do Gelo mais recente e tinha uma aparência bastante parecida com a que vemos representada. Os restos mortais de muitos dos animais foram encontrados congelados, por isso, é possível saber exatamente como eles são, mesmo a cor de seus pelos.
"Não pude deixar de tentar datar os animais do filme - e alguns, definitivamente, não estiveram por perto ao mesmo tempo", conta Sarah. Segundo a paleontóloga, a idade do gelo aconteceu entre 10 mil e 100 mil anos atrás, mas o filme mostra animais que existiram muito antes. "Eu também duvido que essas espécies teriam convivido em um mesmo grupo, embora restos de preguiças, smilodons e mamutes tenham sido encontrados juntos perto de Los Angeles", afirma.
Segundo Sarah, a principal qualidade do filme é introduzir ao estudo de fósseis. "Ele pode não ser totalmente correto, mas dá uma sensação de como era quando esses mamíferos andaram sobre a Terra. Espero que as crianças que o vejam continuem descobrindo as alegrias da paleontologia", conclui a cientista.