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Como cientistas transformaram células da pele em óvulos fecundáveis

No futuro, avanço permitirá que mulheres inférteis tenham filhos com a sua própria carga genética

1 out 2025 - 19h02
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Cientistas conseguiram pela primeira vez criar óvulos a partir de células da pele humana e fecundá-los em laboratório. O objetivo do experimento é que, com o avanço e o desenvolvimento da técnica, mulheres inférteis possam ter filhos com sua própria carga genética. A nova tecnologia ainda está longe de ser acessível a futuros pais, alertou a equipe de cientistas internacionais responsável pelo avanço, mas a pesquisa representa um importante avanço contra a infertilidade, que afeta uma em cada seis pessoas em todo o mundo.

Atualmente, as mulheres inférteis precisam usar óvulos doados (ou seja, com uma carga genética de outra mulher) em processos de fertilização in vitro. A nova abordagem permitiria que mulheres mais velhas ou que não produzem óvulos viáveis por outras razões possam se reproduzir geneticamente, explicou à agência AFP Paula Amato, coautora do estudo.

"Também permitiria que casais do mesmo sexo tenham um filho geneticamente relacionado aos dois membros", acrescentou Paula Amato, pesquisadora da Universidade de Ciências e Saúde do Oregon, nos Estados Unidos.

Nos últimos anos, os cientistas têm conseguido avanços significativos neste campo: no início deste ano, pesquisadores japoneses criaram camundongos com dois pais biológicos. O novo estudo, publicado na revista Nature Communications, dá um passo à frente importante, ao usar o DNA humano no lugar do DNA do camundongo.

Os cientistas extraíram o núcleo (que abriga uma cópia completa do código genético do indivíduo) de uma célula da pele e o transferiram para um óvulo doado, cujo núcleo original havia sido removido previamente. Esta técnica, chamada transferência nuclear de células somáticas, foi utilizada para clonar a ovelha Dolly em 1996. Naquela ocasião, o óvulo da doadora preenchido com o núcleo de uma célula da ovelha que se queria clonar foi transferido para o útero de um outro indivíduo, gerando uma cópia perfeita.

Neste experimento, no entanto, a intenção era outra: criar um óvulo com o código genético da mulher que pudesse ser fecundado por um espermatozoide. Como as células da pele têm 46 cromossomos e os óvulos têm 23, para que não houvesse uma clonagem pura e simples, mas sim um óvulo capaz de ser fecundado, ainda havia um problema a resolver.

Os cientistas conseguiram eliminar os cromossomos adicionais mediante um processo ao qual chamaram de "mitomeiose", que imita a forma como as células se dividem normalmente.

Seguindo esse processo, eles conseguiram criar 82 óvulos que, em seguida, foram fertilizados com esperma mediante fertilização in vitro (FIV).Depois de seis dias, menos de 9% dos embriões se desenvolveram ao ponto em que hipoteticamente poderiam ser transferidos para o útero em um processo padrão de FIV. Os remanescentes, entretanto, apresentavam várias anomalias e, por isso, o experimento foi suspenso.

Ainda assim, a pesquisadora é otimista. Segundo ela, com os devidos aperfeiçoamentos, o método poderia estar disponível em uma década.

"O maior obstáculo é, justamente, obter óvulos geneticamente normais com o número e a combinação correta de cromossomos", disse.

Mesmo assim, cientistas classificaram o avanço como "emocionante".

"Algum dia (o avanço poderá) abrir caminho para a criação de células similares aos ovócitos e espermatozoides para quem não tem outra opção", opinou a pesquisadora Ying Cheon, especialista em medicina reprodutiva na Universidade de Southampton, no Reino Unido, que não participou do estudo.

Esta não é a única técnica usada para tentar criar óvulos em laboratórios. Outros grupos tentam reprogramar células não reprodutivas, levando-as ao estágio de células-tronco, para, posteriormente, transformá-las em embriões, sem o uso direto de óvulos ou espermatozoides.

"É cedo demais para saber qual método será mais bem sucedido", disse Paula Amato. "De qualquer forma, ainda estamos a muitos anos disso."

Estadão
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