Programa tenta pôr sustentabilidade na agenda das eleições

Giuliander Carpes

Direto do Rio de Janeiro

Sustentabilidade é uma das palavras mais frequentes nos discursos dos políticos por todo o mundo, mas faltam ações efetivas. A constatação é de Oded Grajew, fundador do Instituto Ethos, que lidera o projeto Cidades Sustentáveis, um programa que tenta forçar os candidatos das próximas eleições municipais a assinarem um termo onde se comprometem a ter metas de governo para o desenvolvimento sustentável.

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"A ideia é que 90 dias após serem eleitos, olhando os indicadores da cidade, os futuros prefeitos possam dizer o seguinte: 'encontrei a cidade assim e vou poder deixar ela de outro jeito melhor'. Que eles se comprometam a fazer um plano de metas, prestar contas e perseguir as melhores experiências", defende Grajew, que participou neste domingo de debate em torno de cidades sustentáveis no Forte de Copacabana.

A intenção do movimento é tornar a sustentabilidade um fator de voto, já que envolve questões que vão muito além de iniciativas relacionadas ao meio ambiente, mas também acesso a equipamentos de saúde e educação. "Este é um item importante do processo eleitoral. Os futuros candidatos devem ser pressionados a adotar esta agenda", diz Grajew.

O projeto já tem uma agenda definida de metas de sustentabilidade. Basta que os futuros prefeitos as analisem e se comprometam a adotar parte ou todo o pacote conforme as possibilidades do seu município. Grajew conta que o projeto já foi aderido por 40 cidades e passou por outras 700 fazendo debates. Em São Paulo, apenas os candidatos José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PP) ainda não assinaram o termo de compromisso.

"Os indicadores são instrumentos de cidadania. Não é à toa que uma ditadura cerceie informação como uma de suas primeiras ações. Metade dos distritos de SP não tem uma biblioteca, um museu, um teatro, um hospital, 20 distritos não têm uma delegacia, 10 distritos concentram praticamente todos os empregos da cidade. O paulistano passa em média um mês por ano no transito. Isso é insustentável", analisa Grajew. "Cada distrito deve ter suas próprias ferramentas. O melhor indicador que a cidade já atingiu deve ser a meta de cada distrito. Isso vale para todas as cidades, sejam elas grandes ou pequenas. As pessoas precisam chegar a qualquer equipamento de saúde ou educação a pé. O discurso é muito bonito, mas não resolve nada. É preciso agir."

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

vc repórter

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