Orcas selvagens são flagradas 'se beijando' em registro inédito na Noruega

Cientistas conseguiram registrar, pela primeira vez, algo parecido com um beijo de língua entre orcas selvagens. O comportamento é conhecido como "tongue-nibbling", ou mordidinhas de língua. As imagens foram publicadas como parte de um estudo na revista Oceans em junho.

Antes do registro, capturado na Noruega, o comportamento só havia sido visto em orcas mantidas em cativeiro. A observação aconteceu em 11 de janeiro de 2024, quando um grupo de mergulhadores testemunhou duas orcas se aproximando e mantendo contato entre as partes frontais da cabeça por cerca de dois minutos. 

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"Um dos indivíduos projetou a língua enquanto o outro fazia movimentos suaves de mordida", apontam os autores.

O "tongue-nibbling" é considerado um comportamento "socialmente afetuoso", segundo a equipe de pesquisadores, e pode ter a função de reforçar laços sociais entre os animais, principalmente os mais jovens. Ainda assim, é um comportamento extremamente raro. 

Depois do registro, os cientistas consultaram três mergulhadores profissionais e cinegrafistas subaquáticos, com ampla experiência em documentar orcas. Nenhum deles havia testemunhado o "tongue-nibbling" antes. Já treinadores do parque Loro Parque, na Espanha, confirmaram que observaram o comportamento entre quatro orcas em cativeiro, mas relataram que ele não voltou a ocorrer nos anos seguintes.

A pesquisa ainda destaca que há semelhanças entre esse comportamento das orcas e interações boca a boca já registradas entre belugas. 

"Isso pode sugerir que, dada a anatomia dos cetáceos, o contato oral pode servir como um meio de comunicação social mais versátil do que entre mamíferos terrestres", afirmou o coatuor Javier Almunia à Live Science.

Apesar disso, os especialistas admitem que ainda não há certeza sobre o significado exato do comportamento. "Pode ser afetuoso, pode ser uma forma de pedir comida, tentando estimular a transferência de alimento ou até uma forma de cuidado, com alguma função de limpeza", especulou Luke Rendall, pesquisador de mamíferos marinhos da Universidade de St. Andrews, na Escócia, conforme a revista People.