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Ciência pode ter achado origem de estados alterados de consciência

Com ressonâncias magnéticas, cientistas buscam explicação para pessoas que continuam alerta durante anestesias e comas, por exemplo — e podem tê-la achado

3 mai 2024 - 23h00
(atualizado em 4/5/2024 às 21h57)
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Cientistas estudando a consciência e sua possível origem no cérebro humano podem ter descoberto mais uma área responsável pela vigília — é o tronco cerebral, uma região com células nervosas reunidas em um grosso cordão na parte de trás do órgão.

Foto: James/Pixabay / Canaltech

A pesquisa está ligada ao entendimento de estados alterados de consciência, como o coma e o estado vegetativo, por exemplo. Alguns indivíduos, por exemplo, mostram percepção vaga, consciência de seus arredores ou até mesmo acordam totalmente durante anestesias, algo que a ciência ainda não compreende muito bem.

Estados de consciência e o cérebro

Segundo o ainda superficial conhecimento científico sobre a consciência, ela está dividida entre duas dimensões diferentes: excitação — ou vigília — e apreensão — ou percepção. Em 2016, cientistas da Harvard Medical School descobriram a primeira evidência de que o tronco cerebral regula a excitação e partes do cérebro ligadas à consciência.

Encontrar as regiões cerebrais responsáveis pela consciência é difícil, mas cada vez mais avanços na área são feitos (Imagem: cottonbro studio/unsplash)
Encontrar as regiões cerebrais responsáveis pela consciência é difícil, mas cada vez mais avanços na área são feitos (Imagem: cottonbro studio/unsplash)
Foto: Canaltech

Em pacientes internados com lesões no tronco cerebral, a maioria dos inconscientes tinha dano em uma parte do tronco chamada tegmento pontino dorsolateral rostral, enquanto só um dos conscientes apresentava dano nessa região. Nos pacientes em coma e em estado vegetativo, a conexão entre o tronco cerebral e duas regiões corticais também foi percebido em scans cerebrais. 

Um dos cientistas do estudo, Brian Edlow, investigou a situação a fundo em um novo estudo com sua equipe do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e da Universidade de Tours. O mapeamento de redes neurais no cérebro travou, ao contrário de estudos do córtex, a parte externa do órgão.

Isso se deu, em partes, porque técnicas de imageamento não conseguem separar a atividade de neurônios isolados do tronco cerebral da atividade de redes que vêm dele em direção ao cérebro.

O foco ficou na detecção de vigília durante o descanso, quando o cérebro está em "modo standby", ou seja, consegue processar informações, mas não é capaz de se dedicar a tarefas ou prestar atenção plena. A rede que sai do tronco recebeu, dos cientistas, o nome de "Rede de Excitação Ascendente" (REA), e teve sua ligação aos centros de vigília do cérebro estudada.

Rede que se ramifica a partir do tronco cerebral e que pode estar ligada à vigília na consciência humana (Imagem: Edlow et al./Science Translational Medicine)
Rede que se ramifica a partir do tronco cerebral e que pode estar ligada à vigília na consciência humana (Imagem: Edlow et al./Science Translational Medicine)
Foto: Canaltech

Tais conexões já foram bastante mapeadas em animais, mas não em humanos. Para isso, três cérebros mortos foram examinados via ressonância magnética, bem como os de 84 pessoas saudáveis, com dados coletados pelo Projeto Conectoma Humano, iniciativa estadunidense que planeja mapear conexões por todo o órgão.

Assim, foi achado, no mesencéfalo, uma rede altamente conectada partindo na área tegmental ventral que se liga a outros pontos já mapeados da REA. Também notou-se uma ligação dessa rede a outras também relacionadas a partes do córtex que sabemos serem responsáveis pela consciência.

Anteriormente, se pensava que a área tegmental ventral era responsável apenas por modular comportamento e cognição, dois processos bastante ativos, mas o estudo presente aumentou o conhecimento científico sobre seu papel na vigília.

Outras conexões diretas foram vistas ligando o tronco e o córtex cerebrais na região do fascículo prosencefálico medial, que fica no lobo frontal do órgão. O estudo, apesar de pequeno, como admitem os cientistas, é um primeiro passo importante para o entendimento de algo tão vago e complexo de se compreender como a consciência.

Fonte: Science Translational Medicine

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