Sérgio Gwercman/Redação Terra
O promotor Felipe Locke Cavalcanti alegou hoje, durante a sua exposição de duas horas no julgamento do coronel Ubiratan Guimarães, que o policial não respeitou as normas gerais da Polícia Militar de São Paulo, ao enviar um pelotão das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, a Rota, para invadir o Pavilhão 9 da Casa de Detenção paulista, em outubro de 1992.
Cavalcanti, com um livro de normas gerais da PM em mãos, disse que nas condições em que se apresentava a rebelião, o procedimento de Ubiratan deveria ter enviado soldados dos segundo e terceiro Batalhões de Choque. A Rota (que integra o primeiro batalhão), de acordo como o promotor, só deveria ser chamada em caso de necessidade, para dar apoio. Isso pois não teria preparo nem equipamento para invadir carceragens.
Orquestra e emoção -A promotoria disse que o armamento usado na invasão foi al escolhido e manuseado pela polícia. Cavalcanti disse que mesmo que o uso de metralhadoras fosse necessário, elas deveriam ter sido usadas com tiro intermitente - e não em formas de rajadas. O promotor ainda criticou Ubiratan, que entrou no presídio com uma metralhadora. "O comandante é quem dá o tom da orquestra", disse ele.
Após sua exposição, Cavalcanti contou que sentiu vontade de chorar, ao passo que narrava uma história do livro Rota 66, do jornalista Caco Barcelos. O capítulo narrado pelo promotor conta a história de três adolescentes que teriam sido executados pela PM.
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