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Coronel da PM: "se intenção era matar, por que só 111 mortos?"

Quarta, 20 de junho de 2001, 12h17
Atualizado às 19h40

Sérgio Gwercman/Redação Terra

AJB
Apontado como o comandante da operação no Carandiru, o coronel Ubiratan quer um julgamento rápido

O coronel da reserva de Polícia Militar, Ubiratan Guimarães, 58 anos, negou hoje que tenha tido responsabilidade pelo massacre do Carandiru. "Se a intenção fosse matar, por que morreram só 111 presos e os outros 2.050 estão vivos?", indagou ele. A juíza Maria Cristina Cotrofe o repreendeu por expressar opinião durante depoimento. O julgamento de Guimarães, que pode durar 10 dias e ser o mais longo da história do País, começou hoje por volta das 11h30, no 1º Tribunal do Júri da Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O 1º dia do julgamento foi encerrado por volta das 19h30.

O coronel é acusado pela morte de 111 presos e por tentativa de homicídio contra outros cinco, ocorridas no dia 2 de outubro de 1992, durante uma invasão da PM na Casa de Detenção de São Paulo. No início do processo, sete jurados foram chamados, de uma lista de 21 pré-selecionados. Foram escolhidos: Sandra Cristina Ferreira da Silva, Waldemir Gomes de Brito, Waldir Agripino de Souza, Carlos Américo, Marco Aurélio Silva, Emanoel Martins, Mary Rose Fernandes.

Durante seu depoimento, de cerca de 10 minutos, Guimarães disse que o então secretário da Segurança, Pedro Franco de Campos, havia dado sinal verde para a invasão no presídio. "Se o senhor julgar que há necessidade, está autorizado", teria dito o secretário, segundo Ubiratan. Com relação ao uso de metralhadoras durante a invasão, que começou por volta das 16h, o coronel afirmou que os uso destas armas pela Tropa de Choque "é um procedimento de praxe". Ubiratan disse ainda que, naquele dia, dividiu 220 homens de sua tropa em cinco "frações", uma para cada andar do pavilhão nove.

A ordem dos policiais, segundo o coronel, era obrigar os presos a descer para o pátio, para que os bombeiros pudessem apagar o incêndio (detentos teriam colocado fogo nas celas). Ubiratan contou ainda que, pouco depois da invasão, quando estava no segundo andar do pavilhão, ouviu tiros e os presos começaram a descer. Foi quando teria desmaiado, após uma explosão dentro de uma sala. Ele teria sido retirado do local por PMs e sua atuação naquele dia chegado ao fim. Para o promotor de acusação, Felipe Cavalcanti, o depoimento do coronel não trouxe novidades.

Vídeos e livros- Após o depoimento de Guimarães, a juíza Maria Cristina Cotrofe pediu que fosse instalada uma TV para exibição de vídeos. Os jurados assistiram a 16 fitas, selecionadas pela acusação, com reportagens sobre o massacre, com a duração de aproximadamente 6 horas. Por volta das 15h, foi pedido um recesso de 40 minutos para almoço. As reportagens passadas mostravam imagens de corpos no IML, além de uma entrevista com o ex-governador Luis Antônio Fleury Filho, que falava sobre uma eventual exoneração do então secretário de Segurança.

Além do material em vídeo, a promotoria vai apresentar aos jurados o conteúdo de cinco livros. São eles: "A História do Massacre", de João Benedito Azevedo Marques; "Pavilhão 9, o Massacre", de Elói Pietá; "Chegou à Morte a Casa de Detenção", da Anistia Internacional; "Estação Carandiru", de Drauzio Varella; e "Rota 66", de Caco Barcelos (todos serão lidos na íntegra, à exceção dos dois últimos). A previsão para a leitura dos livros é de dois dias. Além dos livros, estão incluídas ainda a leitura de 30 mil páginas dos autos do processo, divididas em 150 volumes.

Testemunhas - Após a apresentação de todos os documentos escritos, serão ouvidas 14 testemunhas. Por parte da acusação serão chamadas dez pessoas: cinco sobreviventes do massacre e cinco peritos. A defesa convocou outras quatro: o ex-secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, o ex-secretário-adjunto da Segurança, Antônio Filardis, além dos juízes Ivo de Almeida e Fernando Garcia.

Jurados - A juíza Maria Cristina Cotrofe ressaltou no fim do primeiro dia de julgamento a incomunicabiliade dos jurados no decorrer do processo. Os sete jurados são obrigados a dormir em acomodações do Tribunal, em instalações individuais, e ficam incomunicáveis durante todo período do julgamento. Eles não poderão ainda assistir à televisão ou ouvir rádio e serão vigiados por um oficial de justiça.

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