Atualizado às 10h49A morte de 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru, volta à pauta da Justiça nesta quarta-feira, quando vai a júri o coronel Ubiratan Guimarães, acusado de liderar uma ação da polícia para conter uma rebelião de presos na maior penitenciária do país, que resultou em um massacre em 2 de outubro de 1992. Guimarães chegou ao 1º Tribunal do Júri, no fórum criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, por volta das 9h20. O julgamento estava marcado para começar às 10h.
A segurança no fórum foi reforçada com 140 homens, já que a polícia não descarta ações de grupos criminosos ligados a presos, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Guimarães já teve seu julgamento adiado em três ocasiões. A primeira vez foi em 1994, quando o processo estava sendo encaminhado pela Justiça Militar. Uma auditoria decidiu passar o caso para a Justiça Comum. Os outros dois adiamentos ocorreram no ano passado. Em julho, o processo foi postergado a pedido do advogado de defesa, Vicente Cascione. Em dezembro, a sessão foi novamente adiada depois que um jurado sentiu-se mal, tendo de ser levado para o hospital.
A defesa do coronel Ubiratan alegará que ele foi chamado para manter a ordem no presídio e fazer seu trabalho. Deve dizer ainda que ele recebeu aval do governo do Estado para invadir o local e conter a rebelião, sustentando que a intenção não era matar. O motim começou com uma discussão de presos. Mais de 300 soldados participaram da operação policial. O número de mortos só foi divulgado no dia seguinte, horas antes das eleições municipais na capital paulista.
Além do coronel, a Justiça já mandou a julgamento 84 policiais militares acusados de mortes no caso. Todos ainda recorrem da sentença e apenas um aguarda julgamento. Outros quatro já morreram. Outros 32 policiais, que seriam acusados de lesão corporal ou abuso de autoridade, livraram-se da Justiça pois, atualmente, o crime já prescreveu.
Pena Máxima - O coronel guimarães pode ser condenado a cerca de 3,5 mil anos de cadeia. Isso se a juíza responsável pelo processo, Maria Cristina Cotrofe, decidir avaliar cada homicídio como um caso separado. Em caso de condenação, ela multiplicaria a pena por 111. A Justiça brasileira, no entanto, não permite que um condenado cumpra mais do que 30 anos. Em 1998, o coronel Guimarães elegeu-se deputado estadual pelo PSD paulista. À época, concorreu às eleições com o número 41.111.
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