Jarbas Soares / Redação TerraO diretor de disciplina da Casa de Detenção de São Paulo em 1992, Aparecido Fidélis, confirmou o depoimento de ontem do perito Osvaldo Negrini no julgamento do Coronel Ubiratan. Assim como Negrini, Fidélis estranhou estarem secas as 13 armas que teriam sido usadas pelos presos em um suposto confronto com os policiais durante a invasão do presídio, no episódio conhecido como o Massacre do Carandiru.
As duas testemunhas estranham porque, durante a invasão, a maioria dos canos de todos os pavimentos do Pavilhão nove estava estourado e chovia muito no dia, o que causava um alagamento de rês centímetros nos corredores e celas. Negrini disse ontem que as armas apresentavam vestígios de disparos, o que dificilmente permaneceria em caso de contato com água. As armas foram entregues por policiais, horas depois do final da invasão.
Além das armas secas, o ex-diretor disse que foram entregues pela polícia alguns estiletes e facas que teriam sido usados pelos detentos. "Os estiletes e as facas que foram entregues estavam molhadas", disse o diretor durante o depoimento. As armas brancas teriam sido jogadas pelas janelas dos pavilhões, para o pátio da Casa de Detenção.
A confirmação enfraquece o tese da defesa de que houve confronto entre PMs e os detentos na invasão. Hoje começam a depor as testemunhas de defesa de Ubiratan. Estão programados os depoimentos do secretário de segurança na época, Pedro Franco Campos, e os juízes Ivo de Almeida, Fernando Torres Garcia e Antônio Luiz Filardis.
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