A honraria de Doutor Honoris Causa é a maior distinção concedida pela Universidade e pode ser atribuída a personalidade eminente, nacional ou estrangeira, que tenha se destacado de forma singular por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade.
O Conselho Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) aprovou por unanimidade, na última sexta-feira (12/12) a concessão do título Doutor Honoris Causa à cantora Alcione. A proposta de outorga da honraria à intérprete maranhense fundamenta-se na convergência entre sua trajetória artística e social e os princípios que norteiam a Universidade.
Segundo o relatório do Conselho Universitário, a homenagem possui um caráter inédito e simbólico: embora Alcione já tenha sido reconhecida por diversas instituições, nenhuma universidade brasileira lhe concedeu, até o presente momento, o título de doutora honoris causa.
A iniciativa também posiciona a Universidade de forma consistente no panorama acadêmico e cultural, reafirmando seu compromisso com a valorização da diversidade, a promoção da equidade social e o reconhecimento das mulheres negras como protagonistas da memória, da cultura e do patrimônio simbólico do Brasil.
Alcione foi professora pioneira no uso de instrumentos musicais
Nascida em São Luís do Maranhão, em 1947, Alcione formou-se professora primária e atuou no magistério no estado do Maranhão por curto período, introduzindo de forma pioneira o canto e os instrumentos musicais como parte da prática pedagógica. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1967, onde se inseriu nos circuitos artísticos.
Com mais de cinco décadas de atividade profissional, Alcione apresenta um percurso de longa duração e ampla visibilidade pública. O catálogo resultante desta trajetória — composto por 45 álbuns, sendo 30 de estúdio, 9 ao vivo e 6 compilações — evidencia sua capacidade contínua de integrar tradição e contemporaneidade, revelando uma amplitude notável, que transita do samba ao bolero e à canção romântica.
Seu trabalho distingue-se ainda pelo engajamento com territórios socialmente vulnerabilizados, articulando a produção artística a questões de justiça social, memória cultural e educação. Na Mangueira, território próximo ao maior campus da Uerj, idealizou a escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, oferecendo formação musical, vivência coletiva e oportunidades de socialização a crianças e adolescentes.