Família brasileira em Orlando busca voltar ao Brasil após Fabíola da Costa, de 32 anos, sofrer três paradas cardíacas, ficar em estado vegetativo e necessitar de tratamento intensivo, enfrentando dificuldades financeiras e altas despesas médicas.
A brasileira Fabíola da Costa, de 32 anos, vive há cerca de dez meses em uma cama hospitalar e necessita de cuidados 24 horas por dia. Vivendo com a família em Orlando, nos Estados Unidos, ela teve um mal súbito e três paradas cardíacas. Por ter ficado muito tempo sem oxigenação cerebral, ela se encontra em estado vegetativo.
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Ao Terra, o marido dela, Ubiratan Rodrigues da Nova, contou que a esposa sempre foi saudável e nunca teve nada que pudesse deixar a família em alerta sobre sua saúde. Desde 2019 no país norte-americano, o casal foi buscar uma vida melhor nos EUA. Là, ele trabalhava como caminhoneiro e Fabíola como manicure. Mas agora, a família deseja voltar para o Brasil para poder dar um tratamento mais adequado para a mineira de Juiz de Fora (MG).
O pesadelo deles começou em uma sexta-feira, no dia 20 de setembro do ano passado. Ubiratan fazia uma viagem para o Texas quando recebeu, naquela data, uma ligação de seu filho do meio, Thiago, com 13 anos na época, dizendo que Fabíola estava passando mal.
Ubiratan desviou a rota, mas só conseguiu chegar no dia seguinte, quando a esposa já estava internada e havia passado por uma primeira cirurgia no abdômen, já que tinha vomitado sangue. Foi seu primogênito, Arthur, quem dirigiu até o hospital levando a madrasta, acompanhado dos irmãos, incluindo a pequena Liz, de 4 anos.
“Então, começou o pesadelo. No domingo à tarde, o médico veio falar comigo que ela estava com morte cerebral. O médico me deu a notícia, já perguntando se eu queria doar os órgãos, porque eles são bem frios. Falei que não poderia tomar essa decisão sozinho e que precisava falar com a família dela também”, explicou o caminhoneiro.
A mineira que era vaidosa, sorridente e sonhadora, como descreveu o marido, agora estava presa a uma cama.
Melhora no quadro
No dia seguinte, quando voltou ao hospital, percebeu que a esposa estava se mexendo, e questionou a equipe médica. Nesse momento, eles disseram que se tratava apenas de “coma”. Nesse período, também foi descoberto que ela teve uma perfuração pulmonar devido às manobras de ressuscitação, conforme o marido.
Com o passar dos dias, Fabíola que antes permanecia imóvel em cima da cama, passou a se mexer um pouco, abrir e movimentar os olhos, reagir a estímulos. Ubiratan sabia que essa era a hora de lutar pela vida da esposa.
“Os médicos dizem que ela não vai passar disso, mas não é o que a gente vê. Cada dia que passa ela tá melhor e para que ela evolua mais a gente precisa de mais fisioterapia, de fonoaudiologia”, reforça.
Ela ficou sete meses internada na unidade de saúde, e depois, foi encaminhada para uma clínica, que prometia ter monitoramento 24h por dia, assim como no hospital. Mas chegando lá, o caminhoneiro percebeu que havia sido enganado e optou por levá-la para casa.
Volta para o Brasil
O marido conta que cuida da esposa praticamente sozinho. “A carga é muito grande e eu estou cansado, preciso de ajuda. Eu preciso ser pai, mãe, enfermeiro, médico, tudo ao mesmo tempo. O tratamento dela é o principal motivo que a gente tem para retornar” esclareceu.
Ainda no começo dessa trajetória da Fabíola, o hospital se ofereceu para fazer a viagem da paciente, com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea com todo o suporte que ela precisasse. Ocorre que, naquele momento, ela não estava apta para viajar devido à perfuração no pulmão. Há pouco mais de dois meses, o médico liberou a viagem, mas a instituição de saúde afirmou que não poderá arcar com os custos.
O caminhoneiro explica que tentou junto ao consulado algum recurso, mas foi informado que eles não fazem esse tipo de serviço. Então, o que restou foi pedir ajuda na internet, já que a família está vivendo de doações, já que Ubiratan parou de trabalhar para cuidar da esposa.
“A gente vive de doações para tudo, para se alimentar, pagar aluguel. Esse também é um motivo que a gente precisa de voltar, porque as pessoas ajudam, mas elas não podem ajudar sempre. O custo de vida aqui é muito caro, infelizmente os nossos parentes do Brasil não podem ajudar, ainda mais nessa situação do dólar. Não dá mais para ficar vivendo de ajuda”, desabafou.
A UTI aérea custa entre US$ 50 mil a US$ 200 mil devido à distância da viagem e aos aparelhos disponíveis para os cuidados específicos, como ventiladores mecânicos, monitores cardíacos e desfibriladores, e bombas de infusão. A família pode receber doações por meio dos sites Vakinha e GoFundMe.
Ao descrever toda a situação, Ubiratan usa a palavra “inacreditável”. “É inacreditável a vida mudar, assim, de uma hora para outra, e a gente ter que mudar a rota, entender que os planos que a gente tinha mudaram, e a gente precisa recalcular a rota”, finaliza.