TRG ganha espaço como abordagem complementar na saúde mental

Entenda o que é a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG) e como ela atua no cuidado da saúde mental

23 dez 2025 - 15h12

Diante do avanço dos transtornos emocionais e dos limites observados nos tratamentos tradicionais, novas abordagens terapêuticas têm ganhado espaço no debate sobre saúde mental.

TRG ganha espaço como abordagem complementar na saúde mental
TRG ganha espaço como abordagem complementar na saúde mental
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

Entre elas está a Terapia de Reprocessamento Generativo (TRG), metodologia desenvolvida para atuar no reprocessamento de registros emocionais associados a experiências adversas.

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Segundo o psicólogo e pesquisador Jair Soares dos Santos, fundador do Instituto Brasileiro de Formação de Terapeutas (IBFT), a proposta da TRG é ampliar o cuidado emocional para além do manejo pontual dos sintomas.

"A saúde psíquica não pode entrar na agenda apenas quando há colapso. Assim como exames de rotina ajudam a prevenir doenças físicas, a terapia precisa olhar para registros emocionais que vêm se acumulando em silêncio", afirma.

Como a TRG atua no sistema nervoso

A metodologia se baseia em princípios de neuroplasticidade e propõe acessar memórias associadas a experiências adversas que continuam ativando respostas automáticas de estresse no organismo.

Diferentemente de abordagens centradas apenas na ressignificação cognitiva, a TRG busca atuar diretamente na forma como o sistema nervoso reage a esses registros.

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"A técnica é estruturada em cinco protocolos sequenciais, que percorrem desde eventos marcantes da infância até projeções de cenários futuros temidos, fortalecendo recursos internos", explica Soares.

O objetivo, segundo ele, é interromper respostas emocionais que mantêm quadros como ansiedade crônica, desesperança e dor persistente.

Evidências iniciais e responsabilidade científica

Uma revisão crítica publicada em 2024 na revista Mentalis descreve a TRG como uma abordagem natural e adaptativa, aplicada em quadros como depressão, ansiedade, fibromialgia, transtorno de pânico, transtorno de estresse pós-traumático e ideação suicida, com redução consistente de sintomas em estudos iniciais e relatos clínicos.

Ainda assim, Soares ressalta a importância do rigor científico. "O objetivo não é substituir a medicina, mas complementar o cuidado, investigando a raiz emocional que mantém o quadro ativo. Quando o sistema nervoso deixa de reagir como se o perigo ainda estivesse presente, os sintomas perdem força", afirma.

Sintomas físicos e sofrimento emocional

Pesquisas também indicam relação entre sintomas físicos sem causa orgânica clara e registros emocionais não processados.

Em casos de dor crônica e fibromialgia, estudos de caso relatam melhora progressiva após ciclos de TRG, inclusive em pacientes que não haviam respondido a tratamentos convencionais.

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"Quando exames não mostram alterações, o corpo pode estar funcionando como mensageiro de algo que não foi elaborado emocionalmente. Silenciar o sintoma sem investigar sua origem tende a fazer o problema retornar", explica o pesquisador.

Terapia como cuidado de rotina

Para especialistas ligados ao IBFT, o desafio é cultural e estrutural: inserir o cuidado emocional na rotina, antes que o sofrimento se transforme em crise.

"Se a terapia fizer parte do calendário de saúde, assim como consultas e exames, a tendência é reduzir agravamentos, afastamentos e o peso silencioso que hoje recai sobre indivíduos e sistemas de saúde", conclui Soares.

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