Veja como lidar com o luto nas festas de fim de ano

Psicólogo destaca por que é tão difícil celebrar quando se passa por uma perda e dá dicas para cuidar da saúde emocional

19 dez 2025 - 15h30

As festas de fim de ano costumam ser sinônimo de celebração, reencontros e alegria. No entanto, para quem está vivenciando o luto pela perda de alguém querido, esse período pode se tornar especialmente desafiador. A pressão social para demonstrar felicidade, somada às memórias e à ausência da pessoa amada, intensifica o sofrimento emocional e torna ainda mais difícil atravessar datas como Natal e Ano-Novo.

O luto pode se tornar mais pesado durante as festas de fim de ano
O luto pode se tornar mais pesado durante as festas de fim de ano
Foto: PeopleImages | Shutterstock / Portal EdiCase

Segundo Marco Aurélio Fernandes, psicólogo e coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, é fundamental compreender que não existe uma forma "certa" de viver o luto, especialmente em datas simbólicas. "As festas costumam reforçar a ideia de felicidade obrigatória, o que pode gerar ainda mais sofrimento em quem está enlutado. Respeitar os próprios sentimentos é um passo importante para atravessar esse período com mais equilíbrio", explica.

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O impacto do luto no funcionamento do cérebro

O psicólogo destaca por que é tão difícil celebrar quando se passa por uma perda. "Durante o luto, o cérebro passa por um processo intenso de adaptação à ausência, ativando áreas ligadas à memória, ao apego e às emoções, como o sistema límbico, enquanto há redução temporária da atividade em regiões responsáveis pelo foco, pela tomada de decisões e pelo controle emocional", esclarece.

Esse processo neurobiológico ajuda a explicar por que pessoas enlutadas podem apresentar mudanças significativas no funcionamento cotidiano, com impacto direto no comportamento, no bem-estar e na forma de vivenciar datas simbólicas.

"A ausência da pessoa perdida desafia os circuitos cerebrais que estavam acostumados à sua presença, o que explica sensações como confusão, dificuldade de concentração, alterações no sono, na memória e no apetite, além de uma resposta prolongada ao estresse, com maior liberação de hormônios como o cortisol. Esse funcionamento não é sinal de fraqueza, mas uma reação natural do cérebro tentando reorganizar-se diante de uma mudança profunda e significativa", afirma Marco Aurélio Fernandes.

Como passar as festas durante o luto

De acordo com psicólogo, algumas atitudes podem ajudar quem está passando pelo luto no Natal e no Ano-Novo:

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  1. Permitir-se sentir, sem culpa, tristeza, saudade ou silêncio;
  2. Adaptar rituais, criando novas formas de vivenciar as datas;
  3. Estar perto de pessoas que ofereçam escuta e acolhimento, mesmo que em encontros breves;
  4. Buscar apoio psicológico quando a dor se tornar difícil de administrar sozinho.

"O cuidado emocional nesse período passa por pequenas escolhas. Às vezes, ficar em casa, viajar ou passar o dia de forma mais reservada é a melhor decisão", orienta.

Oferecer presença, escuta e respeito é uma das formas mais importantes de apoiar alguém que está passando pelo luto
Foto: SeventyFour | Shutterstock / Portal EdiCase

Como ajudar quem está passando pelo luto

Para familiares e amigos, Marco Aurélio Fernandes reforça a importância da empatia. "Evite frases prontas como 'seja forte' ou 'ele(a) gostaria de te ver feliz'. O mais importante é oferecer presença, escuta e respeito. Perguntar como a pessoa gostaria de passar a data já é uma grande forma de apoio", destaca.

O especialista também alerta que o luto pode reaparecer mesmo após anos da perda. "Datas comemorativas funcionam como gatilhos emocionais. Acolher sem julgamento e sem pressa é essencial", completa.

Cuidado que vai além das festas

Se os sentimentos de tristeza, isolamento ou desesperança se intensificarem, buscar ajuda profissional é fundamental. "O acompanhamento psicológico ajuda a ressignificar a perda e a encontrar formas mais saudáveis de conviver com a ausência, não apenas durante as festas, mas ao longo do tempo", conclui o psicólogo.

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Por Camila Crepaldi

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