Metas mal definidas elevam estresse e risco de burnout

Pressão por atualização constante e objetivos pouco claros impactam saúde mental e aprendizado no trabalho

30 dez 2025 - 15h12

Metas mal definidas têm se tornado um fator silencioso de adoecimento no ambiente corporativo. Em um cenário de cobranças constantes por desempenho e atualização profissional, objetivos pouco claros ou desconectados da realidade individual elevam o estresse e comprometem tanto o aprendizado quanto a saúde mental dos trabalhadores.

32% dos profissionais no mundo se sentem sobrecarregados diariamente
32% dos profissionais no mundo se sentem sobrecarregados diariamente
Foto: Shutterstock / Saúde em Dia

O relatório People at Work 2025, da ADP Research, mostra que 32% dos profissionais no mundo se sentem sobrecarregados diariamente.

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No Brasil, o cenário é ainda mais preocupante: 86% dos trabalhadores relataram sintomas de burnout no último ano, segundo o Panorama do Bem-Estar Corporativo.

Para a especialista em aprendizagem e inovação Clara Cecchini, a forma como as metas são estabelecidas tem papel central nesse processo.

Por que metas mal definidas geram mais estresse?

De acordo com Clara, muitas pessoas entram no ano com a sensação de que precisam dominar todos os temas emergentes, como novas tecnologias ou tendências de mercado. Essa pressão, porém, costuma gerar ansiedade em vez de desenvolvimento real.

"Não é sobre aprender tudo, mas entender onde você quer chegar e como aquele aprendizado será aplicado na prática", explica.

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Quando as metas não consideram contexto, propósito ou limites individuais, o aprendizado deixa de ser motivador e passa a ser mais uma fonte de cobrança.

Isso ativa um ciclo de frustração, sensação de insuficiência e desgaste emocional, especialmente em ambientes já marcados por alta pressão.

Aprendizado integrado à rotina faz diferença

A especialista destaca que aprender não significa, necessariamente, acumular cursos ou certificados. Pelo contrário, a aprendizagem mais saudável tende a estar integrada ao dia a dia.

Projetos, interações profissionais e até erros podem se transformar em fontes de desenvolvimento, desde que haja reflexão e intenção.

Nesse sentido, metas mais realistas ajudam a reduzir o estresse e aumentam a percepção de progresso. Estar em movimento, mesmo que aos poucos, costuma ser mais benéfico do que perseguir objetivos grandiosos e difíceis de sustentar.

Autoconhecimento e apoio reduzem o risco de burnout

Outro ponto central é o autoconhecimento. Definir metas a partir da própria régua, e não apenas de expectativas externas, contribui para um aprendizado mais significativo e menos ansioso.

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Clara lembra que é possível ter um ano produtivo, com ganhos reais, mesmo sem mudanças imediatas de cargo ou status:

"Você pode ter um ano produtivo e ainda assim permanecer no mesmo cargo, mas com aprendizados significativos. O que importa é criar metas baseadas na sua própria régua, e não na expectativa externa. Isso reduz a ansiedade e aumenta a sensação de progresso real", ressalta.

Além disso, o apoio social faz diferença. Compartilhar experiências, trocar aprendizados e contar com alguém para dialogar sobre desafios torna o processo mais leve e sustentável, protegendo a saúde mental.

Ao alinhar metas, aprendizado e bem-estar, empresas e profissionais criam condições mais saudáveis para crescer. Em vez de acelerar a exaustão, objetivos claros e contextualizados ajudam a prevenir o burnout e favorecem um desenvolvimento contínuo, possível de ser mantido no longo prazo.

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