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Nem todo item com o símbolo de reciclagem é reciclável na prática; entenda

Às vezes, o material é reciclável, mas não há logística que garanta sua reciclabilidade, alerta especialista

12 set 2025 - 04h59
Símbolo da reciclagem, com três setas que formam um triângulo, representa os processos de "produção", "consumo" e "reciclagem"
Símbolo da reciclagem, com três setas que formam um triângulo, representa os processos de "produção", "consumo" e "reciclagem"
Foto: Oscar Wong/GettyImages

Encontrar o tradicional símbolo de reciclagem – com três setas que formam um triângulo – em algum item não significa que ele é reciclável na prática. Isso porque o processo de reciclagem é complexo e, nem sempre, é possível cumprir todas as etapas do ciclo.

“Às vezes, acontece de um material ser reciclável, mas não ter viabilidade econômica ou de logística para que isso aconteça”, explicou André Tomé, consultor ambiental e especialista na gestão eficiente de resíduos, ao Terra.

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Uma coisa é ser reciclável e outra é ter reciclabilidade. Ou seja: para que algo seja reciclado, para além da tecnologia que permita a reciclagem de determinado material, é preciso dinheiro para que o processo de reciclagem seja mantido e é necessária uma logística que interligue o caminho da geração do resíduo à reciclagem.

Tomé cita como exemplo o isopor, que é composto por cerca de 2% de plástico e 98% de ar e que, “na maior parte dos casos não é reciclado porque é difícil viabilizar um frete para aproveitar apenas 2% do material”.

Itens pequenos também acabam sendo um problema na triagem de grandes volumes de resíduos. “Quando abrimos uma embalagem destacando aquela pontinha, ela se perde no processo e vira rejeito”, destaca o especialista. 

Ciclo da reciclagem

Dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) mostram que 32,2% dos municípios brasileiros contam com coleta seletiva, com 1.972 unidades de triagem, que coletaram 1,87 milhão de toneladas de resíduos recicláveis secos. Desse total, 1,12 milhão de toneladas foram recuperadas. Os dados são de 2022.

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No entanto, a massa estimada de resíduos sólidos urbanos descartados, no geral, foi de 63,8 milhões de toneladas -- o que dá cerca de 1 kg por habitante descartado por dia. Ainda há muito para ser feito nesse sentido.

Pensando em potencializar essa reciclabilidade, na hora de descartar itens, é fundamental guardar os recicláveis limpos, sem misturá-los com os orgânicos, e encaminhá-los no dia e horário da coleta seletiva. Essa é a forma de garantir que os materiais cheguem da melhor forma até uma cooperativa, onde catadores farão a triagem dos materiais e encaminharão tudo que for viável de volta para a indústria. “Assim se fecha o ciclo da reciclagem”, diz André Tomé.

Outra dica que ele dá é: ao utilizar uma embalagem ou algum material reciclável, abrir o item sem que nenhuma parte seja destacada. “No caso de embalagens com tampa, após o uso, o ideal é espalmar as embalagens – tirar o ar, reduzir o volume– e fechar a tampa, assim aumentamos a reciclabilidade”, acrescentou o especialista.

Um passo antes

Como alerta Tomé, a prioridade deve ser buscar pela redução na geração de resíduos desnecessários, com maior consciência de consumo e a eliminação de descartáveis, principalmente o plástico.

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“Por ser um material durável, que dura em média 400 anos para se decompor, não faz o menor sentido usar um plástico descartável, caracterizando um crime contra as futuras gerações” -- André Tomé

E os eletrônicos?

O descarte inadequado de eletrônicos, como smartphones, notebooks e tablets, libera substâncias tóxicas que contaminam o solo e a água, colocando em risco tanto a natureza quanto a saúde humana. Mas há formas de descartar adequadamente esses aparelhos, que serão destinados para reutilização, reciclagem e tratamento correto dos componentes.

A Vivo tem o projeto 'Vivo Recicle', por meio do qual a empresa já destinou para reciclagem mais de 5,3 milhões de itens e 187 toneladas de resíduos ao longo de nove anos.

Pode-se fazer o descarte correto de eletrônicos em urnas alocadas nas mais de 1,8 mil lojas da empresa espalhadas pelo país. O lixo eletrônico coletado é reciclado por uma empresa especializada, a Ambipar. Depois, os componentes voltam para a indústria para serem transformados em matéria-prima na elaboração de novos produtos.

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Fonte: Futuro Vivo
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