A redução das emissões de gases do efeito estufa por parte da indústria foi tema do painel “Estratégias de descarbonização: da operação à cadeia de valor” no Espaço CNI, localizado nos pavilhões da Zona Azul da COP30 nesta quinta-feira, 13. Descarbonizar é um dos focos da Conferência das Partes neste ano em Belém, e a gerente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Vivo, Ana Leticia Senatore, destacou a importância de se desenvolver e capacitar os fornecedores das cadeias de produção para que se atinjam os níveis necessários de redução.
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Além da Vivo, participaram do painel Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia, e Maria Luiza de Oliveira Pinto e Paiva, Vice-Presidente Executiva de Sustentabilidade da Suzano e a Assessora Superior da Secretaria de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul. A moderação foi de Roberta Cox, diretora da COP30 para Global Renewables Alliance (GRA) e diretora de Políticas Brasil para Global Wind Energy Council (GWEC). Juntos debateram sobre como organizações estão estruturando suas estratégias de redução de emissões, considerando desde a eficiência energética e a adoção de fontes renováveis até a gestão de todos os escopos de emissões.
Ana Leticia afirmou que, desde 2021, a Vivo busca engajar os fornecedores que atuam junto à empresa para assuntos climáticos de forma estratégica, com um trabalho de engajamento, desenvolvimento e capacitação para aplicação dos principais conceitos. "Trabalhamos com os grupos para que tenham capacitações regulares e se preparem para esse novo mundo das mudanças climáticas", afirmou.
O Protocolo de Gases do Efeito Estufa considera três escopos de emissões para as empresas e suas cadeias de valor. São eles:
- Escopo 1: é referente às emissões diretas de fontes que são de responsabilidade da empresa; diz respeito ao que é produzido, em si;
- Escopo 2: abrange emissões indiretas envolvidas no processo, como eletricidade e resfriamento que a empresa utiliza;
- Escopo 3: engloba a cadeia de produção da empresa, incluindo fornecedores, descartes e afins, considerando as emissões indiretas que englobam todas as atividades que circundam a atividade -- e que costuma ser o escopo mais desafiador.
Em 2015, a Vivo estabeleceu as primeiras metas de redução de emissões alinhadas ao Acordo de Paris. Em 2018, a empresa chegou a 70% de reduções e, em 2023, 90% --isso nos escopos 1 e 2, e atingiu o nível recomendado pelos cientistas como necessário para combater as mudanças climáticas.
A meta agora é alcançar o net zero até 2035, reduzir 90% considerando toda a cadeia de valor que engloba as emissões indiretas de fornecedores, e neutralizar os 10% restantes.
Ana Leticia explicou que antes do trabalho de capacitação, apenas 30% dos 125 fornecedores que mais emitem se comprometiam com questões climáticas. Atualmente, somam 87%. O plano agora é que os fornecedores avancem na adoção de energias renováveis, combustíveis verdes, economia circular e eficiência ambiental.
"A gente percebe que é a potência da nossa marca movendo uma cadeia gigante de 1200 fornecedores. Com isso, a gente consegue ampliar o nosso impacto positivo para toda a sociedade."
Pensar em eficiência também é fundamental em meio a esses processos. Estudos mostram que a digitalização pode reduzir em até 15% as emissões globais de combustíveis fosseis até 2030, apontou a gerente de Meio Ambiente da Vivo. Isso mostra, como ela explicou, a importância de que sempre seja buscada uma maior eficiência na utilização dos recursos.
Ela citou como exemplo os avanços de monitoramento e gestão possibilitados pela digitalização. Como exemplo, a internet das coisas permite que dados capturados por sensores e transmitidos instantaneamente pela rede móvel indiquem onde recursos estão sendo desperdiçados. Com uma melhor eficiência se poupam recursos, o que contribui para as metas de clima.
*A repórter viajou a Belém com apoio do ClimaInfo