Alfonso Herrera, ator mexicano e Embaixador da Boa Vontade da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mediou um painel na COP30, em Belém, na manhã desta quinta-feira, 13, que teve como uma das convidadas a Irmã Rosita Milesi. Ao Terra, Alfonso destacou sua admiração pela primeira brasileira a receber o Prêmio Nansen do ACNUR.
“O que acabo de viver agorinha com a Irmã Rosita é muito poderoso. O trabalho que ela faz, o compromisso que tem é impressionante, e eu dizia pra ela: 'Irmã Rosita, você tem muito mais energia que eu e tem 80 anos'”, brincou.
O ator, conhecido em toda a América Latina pela participação na novela mexicana "Rebelde" entre outros trabalhos, está no Brasil como parte da delegação da Agência para Refugiados na COP30. Durante a estadia na capital paraense, ele participou de compromissos oficiais na conferência e visitou também uma comunidade indígena Warao, da Venezuela, refugiados no distrito de Outeiro.
O trabalho como embaixador já levou Alfonso a missões pelo mundo todo. “Posso te contar histórias de uma mulher na Ucrânia que aos 85 anos perdeu tudo e, apesar disso, tinha disposição, a força e o ímpeto de se reconstruir. Em Uganda estivemos, há quatro meses, nos assentamentos de Nakivale e Oruchinga, e vimos as crises humanitárias que se vivem devido aos recortes humanitários”, disse ele.
Os desafios e conflitos que levam a esses deslocamentos forçados estão cada vez mais ligados às mudanças climáticas. Alfonso destaca que o número de refugiados aumentou na última década e corresponde a aproximadamente 120 milhões de pessoas no mundo.
“Eu te coloco como perspectiva a população do México, somos quase 130 milhões de pessoas, estamos falando de quase toda a população do México que está fugindo da violência, e ainda três quartos destas pessoas vão sofrer os estragos da crise climática. É uma dupla vulnerabilidade”, explicou.
Delegação de refugiados comenta impactos climáticos
No mesmo painel, outros integrantes da delegação do ACNUR marcaram presença e compartilharam suas histórias. É o caso da artesã indígena Warao Gardenia Cooper, líder do Conselho Warao Ojiduna em Belém, que deixou a Venezuela após ver suas terras tradicionais invadidas. “Me considero uma mulher forte porque não avancei apenas pelos meus filhos, mas também pelos filhos de outros. Colocamos em prática que nossa cultura é única e nossos saberes sempre avançam”, defendeu Gardenia.
“A violência é uma das consequências [das mudanças climáticas] porque, talvez, quando não tiver mais comida pra todo mundo, isso gera a desigualdade e a violência. O Haiti hoje está passando por tudo isso”, complementou Robert Montinard, refugiado haitiano que vive no Brasil desde 2010 e é fundador da organização Mawon, que presta apoio a refugiados por meio de assistência jurídica, cultural e socioeconômica.
A Irmã Rosita, que atua na defesa de pessoas refugiadas no Brasil há 40 anos, se emocionou ao direcionar uma mensagem a eles na conclusão do evento.
“Quero deixar minha saudação a vocês, que já são refugiados, e àqueles que ainda buscam proteção: renovemos juntos o compromisso de moldar um mundo em que ninguém precise sair de seus países se não quiserem, por motivo de violência e falta de oportunidades”, disse ela.