COP30: rascunho de documento final deixa de fora roteiro para abandonar petróleo e outros fósseis

Criação desse mapa do caminho foi uma das principais defesas de Lula na cúpula em Belém; negociações foram retomadas após incêndio no espaço da conferência

21 nov 2025 - 07h56
(atualizado às 08h05)
Resumo
O rascunho do documento final da COP30 não inclui um plano para eliminação dos combustíveis fósseis, frustrando ambientalistas, enquanto negociações devem continuar após interrupção por incêndio.
Ao longo da COP-30 em Belém, manifestantes reivindicaram que líderes globais adotem medidas mais efetivas contra o aquecimento global
Ao longo da COP-30 em Belém, manifestantes reivindicaram que líderes globais adotem medidas mais efetivas contra o aquecimento global
Foto: Wilton Junior/Estadão / Estadão

Após o incêndio que paralisou as negociações da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), a presidência da conferência publicou uma nova versão do rascunho do documento final na madrugada desta sexta-feira, 21. A nova versão do texto não traz nenhuma menção à necessidade de criação do chamado mapa do caminho rumo ao fim do uso de combustíveis fósseis.

O documento, que tem o nome de "Decisão Mutirão", foi publicado às 3 horas da manhã e reúne as principais polêmicas das negociações climáticas. A falta do roteiro para abandonar o petróleo e outros fósseis, os principais vilões do aquecimento global, frustra ambientalistas, que esperam avanços mais significativos na transição energética para frear a crise climática.

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O "mapa do caminho" havia ganhado apoio de cerca de 80 países, segundo contabilidade de organizações da sociedade civil, e foi uma das demandas apresentadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Cúpula de Líderes, que antecedeu a COP30. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também defendeu essa medida em seu discurso na véspera.

Entre os países apoiadores, estão Alemanha e Reino Unido. Nações produtoras de petróleo, porém, resistem a criação desse roteiro. Em 2023, na COP28, em Dubai, foi fechado um acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis", mas sem apresentar um mapa do caminho para essa mudança.

Poucas horas após o rascunho ser concluído, um grupo de países já enviou carta à presidência da COP30, em que afirmam não aceitar um documento sem o mapa do caminho. "Não podemos apoiar um resultado que não inclua o roteiro de implementação de uma transição para longe dos combustíveis fósseis justa, ordenada e equitativa".

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Entre os signatários, estão Colômbia, Alemanha, Ilhas Marshall e Vanuatu. Os dois últimos são ilhas do Oceano Pacífico que correm o risco de desaparecer com o aumento do nível do mar, um dos efeitos da crise climática.

Ambientalistas reclamam que, apesar de alguns chefes de Estados sinalizarem apoio a essa agenda climática, eles também liberam novas atividades emissoras de gases de efeito estufa no setor de energia. Um dos exemplos é a licença para pesquisar a exploração de petróleo na Margem Equatorial da Foz do Rio Amazonas, pelo Brasil.

O governo diz que há segurança técnica e defende usar os lucros do petróleo para financiar a transição verde nos próximos anos.

Negociações devem se estender pelo fim de semana

Um incêndio na tarde dessa quinta-feira, 20, provocou correria e paralisou as negociações, mas o espaço da zona azul, onde ocorrem as reuniões entre as delegações dos países, foi reaberto às 20h40. As sessões plenárias devem ser retomadas nesta sexta.

O término oficial da conferência era previsto para esta sexta, mas a expectativa é de que as negociações se estendam pelo fim de semana. Em cúpulas anteriores, o encerramento ocorreu no sábado ou até no domingo.

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