O presidente da França, Emmanuel Macron, nomeou Sébastien Lecornu, seu aliado próximo, como o novo primeiro-ministro francês, 24 horas após um voto de confiança ter destituído François Bayrou do posto.
Lecornu, de 39 anos, estava entre os favoritos para assumir o cargo e passou os últimos três anos como ministro das Forças Armadas, com foco na resposta da França à guerra da Rússia na Ucrânia.
Em um comunicado, o Palácio do Eliseu afirmou que ele recebeu a tarefa de consultar os partidos políticos com o objetivo de aprovar o próximo orçamento da França.
A aprovação de um orçamento como chefe de um governo minoritário foi o que derrubou Bayrou, e opositores de esquerda e extrema direita já se alinharam para condenar a nomeação de Lecornu.
Na França, o primeiro-ministro é o chefe de governo, nomeado pelo presidente e responsável pela governança cotidiana.
Bayrou havia visitado o presidente horas antes para entregar sua renúncia, abrindo caminho para Sébastien Lecornu se tornar o quinto primeiro-ministro do segundo mandato de Macron como presidente.
Lecornu escreveu nas redes sociais que havia sido incumbido pelo presidente de "construir um governo com uma direção clara: defender nossa independência e nossa força, servir ao povo francês e [garantir] a estabilidade política e institucional para a unidade do nosso país".
Sua tarefa imediata é combater a crescente dívida pública francesa.
Bayrou havia proposto drásticos cortes orçamentários, mas a Assembleia Nacional Francesa decidiu destituir seu governo por 364 votos a 194.
A nomeação de Lecornu foi bem recebida por aliados centristas, como Marc Fesneau, do partido MoDem de Bayrou. Ele apelou a todas as forças políticas para que chegassem a um acordo "pela estabilidade do país e sua recuperação, especialmente seu orçamento".
Já Jean-Luc Mélenchon, da esquerda radical França Insubmissa, afirmou que nada havia mudado com a indicação de Lecornu e que era hora da saída de Macron da presidência.
Na direita radical, Marine Le Pen disse que o presidente estava disparando "o cartucho final do macronismo, de seu bunker, junto com seu pequeno círculo de apoiadores".
A França tem um parlamento sem maioria desde que Macron surpreendeu seu país ao convocar eleições nacionais antecipadas no ano passado, após um desempenho ruim nas eleições europeias de junho de 2024.
Existem na França basicamente três blocos políticos principais: a esquerda, a extrema direita e o centro.
Édouard Philippe, que foi o primeiro primeiro-ministro de Macron de 2017 a 2020, considerou Lecornu uma boa escolha, pois ele havia aprendido muito como ministro da Defesa.
"Eu o conheço há muito tempo porque ele foi eleito como eu na Normandia", disse o líder do partido Horizontes à TF1 TV. "Ele sabe debater e precisará desse talento para debater e ouvir para chegar a um acordo em circunstâncias que ele sabe serem bastante complicadas."
Philippe acreditava que Lecornu teria que encontrar uma maneira de trazer os socialistas para o seu lado.
Porém, um movimento popular chamado Bloquons Tout - "Vamos Bloquear Tudo" - está planejando protestos generalizados contra o governo na quarta-feira, e as autoridades planejam mobilizar 80.000 policiais.
Na sexta-feira, a agência de crédito Fitch reavaliará as dívidas da França e poderá aumentar seus custos de empréstimo caso rebaixe sua classificação de AA-.