Irã faz ameaças e diz que Israel e EUA vão 'pagar caro' por ataques: 'destino amargo e doloroso'

Ali Khamenei promete retaliação em pronunciamento após Tel Aviv atingir instalações nucleares e matar chefe militar

13 jun 2025 - 08h36
(atualizado às 08h36)
Resumo
Irã promete retaliação severa após ataques israelenses à infraestrutura nuclear, com apoio dos EUA negado por Washington; Israel defende ação como necessária para conter ameaça nuclear.
Israel realiza ataque aéreo contra o Irã
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O governo do Irã afirmou que Israel e Estados Unidos vão "pagar caro" pelo ataque lançado por Israel na madrugada desta sexta-feira, 13, contra instalações nucleares do país. O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, disse que Israel receberá "um destino amargo".

Na madrugada, as Forças de Defesa de Israel atingiram dezenas de alvos no território iraniano. Explosões foram registradas em Teerã e em outras cidades do país. Os militares afirmaram que o objetivo da operação é impedir o avanço do programa nuclear iraniano.

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Khamenei afirmou que a ação revela a "natureza perversa" de Israel. Disse ainda que comandantes e cientistas foram mortos no ataque, mas que sucessores logo assumirão as funções e darão continuidade ao trabalho.

"O regime sionista [Israel] revelou sua natureza vil e lançou nesta manhã sua mão perversa e sangrenta em um crime contra o Irã. Com este ataque, o regime sionista preparou um destino amargo e doloroso para si mesmo, que certamente receberá", disse Khamenei em declaração lida na TV estatal iraniana.

Segundo o aiatolá, que não mencionou os Estados Unidos em seu pronunciamento, vários comandantes e cientistas foram mortos durante a ofensiva. Ele disse ainda que centros residenciais foram atingidos. Tais ações, acrescentou, merecem uma "punição severa". "A mão poderosa das Forças Armadas da República Islâmica não o abandonará", afirmou.

Na TV estatal, o porta-voz das Forças Armadas iranianas, general Abolfazl Shekarchi, acusou os Estados Unidos de apoiarem o ataque. Ele afirmou que americanos e israelenses vão pagar um preço alto pelos bombardeios.

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Estados Unidos negam envolvimento em ataque de Israel contra Irã, diz secretário
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EUA negam envolvimento

Os Estados Unidos negaram envolvimento direto na operação. O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que "Israel tomou uma ação unilateral" e que "a prioridade dos EUA é proteger suas tropas na região". Segundo ele, Washington foi informado, mas não participou da ação.

Rubio pediu ainda para que o Irã não ataque alvos dos Estados Unidos.

Israel bombardeou o Irã depois que negociações nucleares entre o país persa e os EUA de Donald Trump estagnaram. Tel Aviv atacou a infraestrutura nuclear iraniana e mirou altos comandantes militares —a televisão estatal iraniana confirmou a morte de pelo menos um: o chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami.

Logo após os bombardeios, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o principal alvo foi a usina de Natanz, considerada o centro do programa de enriquecimento de urânio do Irã. Segundo ele, cientistas envolvidos nesse programa também foram alvejados.

"Estamos em um momento decisivo na história de Israel", declarou Netanyahu. Ele afirmou que os ataques continuarão "por quantos dias forem necessários", para conter o que chamou de "ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel".

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O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou estado de emergência e determinou o fechamento do espaço aéreo israelense, como medida de precaução diante de possíveis retaliações.

Israel já havia dito que não permitiria que o país persa, seu inimigo histórico, adquirisse uma bomba atômica, algo que o regime iraniano parece próximo de ser capaz de fazer. De acordo com os militares israelenses, dezenas de alvos foram atacados no Irã, e a operação poderia durar muito tempo. A imprensa iraniana relatou que pelo menos dois importantes cientistas nucleares foram mortos: Fereydoun Abbasi-Davani e Mohammad Mehdi Tehranchi.

Entre os alvos está a instalação nuclear de Natanz, um dos centros mais importantes de enriquecimento de urânio do país. Ainda não se sabe quanto dano foi causado ao local —relatos apontam que a centrífuga de urânio da instalação fica a mais de 40 metros debaixo da terra para protegê-la de ataque aéreo. Um porta-voz do Exército iraniano disse que Israel "pagará um preço caro" pelo ataque.

O contexto do ataque é a tentativa de Israel de adiar ou impedir o desenvolvimento de uma arma nuclear pelo Irã, cenário considerado inaceitável por Tel Aviv. Na semana passada, Khamenei afirmou que abandonar o enriquecimento de urânio é "100% contra os interesses" do Irã, rejeitando exigência central dos EUA nas negociações para resolver uma disputa de décadas sobre as ambições nucleares de Teerã.

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Além dos embates diretos com Israel, o regime teocrático do Irã tem lidado, nos últimos meses, com múltiplas crises que incluem escassez de energia e água, desvalorização da moeda e perdas entre milícias regionais aliadas em conflitos com as forças de Tel Aviv./ AP e AFP

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