O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (12) que a Rússia está "aproveitando" o desvio de foco da guerra na Ucrânia para intensificar seus ataques ao país, no momento em que a atenção da comunidade internacional está voltada para o acordo de cessar-fogo em Gaza. Por conta disso, o líder ucraniano apelou mais uma vez para que seus aliados forneçam mais sistemas de defesa aérea.
Através das redes sociais, Zelensky afirmou que conversou por telefone neste domingo com o presidente francês Emmanuel Macron e solicitou mísseis para proteger a Ucrânia contra ataques russos.
"Falei com o presidente Emmanuel Macron (...) Informei-o sobre nossas necessidades prioritárias, principalmente sistemas de defesa aérea e mísseis", disse ele em sua página no Facebook.
Nos últimos dias, o líder ucraniano também conversou duas vezes o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscando eventuais avanços, já que as negociações de paz parecem estar estagnadas.
"A Rússia está se aproveitando da situação atual - o fato de que o Oriente Médio e os problemas internos de cada país estão atraindo a máxima atenção. Os ataques russos se tornaram ainda piores", argumenta Zelensky.
O apelo de Volodymyr Zelensky aos seus aliados ocorre em um momento em que a Rússia intensificou seus ataques noturnos com drones e mísseis contra a Ucrânia, visando particularmente o sistema energético do país com a aproximação do inverno. Segundo Zelensky, na última semana, "mais de 3.100 drones, 92 mísseis e cerca de 1.360 bombas planadoras foram usados contra a Ucrânia".
Na sexta-feira (10), um dos maiores ataques russos ao sistema energético da Ucrânia deixou grande parte da capital, Kiev, e nove outras regiões no escuro. No sábado (11), várias partes da região sul de Odessa ficaram sem energia elétrica.
A possibilidade de entrega de mísseis Tomahawk de longo alcance dos EUA foi recentemente levantada por autoridades americanas, provocando a ira de Moscou. O presidente ucraniano não especificou no comunicado deste domingo se havia solicitado esses mísseis.
"Vemos e ouvimos que a Rússia teme que os americanos nos forneçam Tomahawks, o que é um sinal de que tal pressão pode ser benéfica para a paz (...) Abordamos todos os aspectos da situação: a defesa do nosso país, o fortalecimento das nossas capacidades — em defesa aérea, resiliência e capacidades de longo alcance", relatou Zelensky em seu perfil no X, após conversa telefônica com Donald Trump neste domingo.
"Extrema preocupação"
Também neste domingo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou sobre "um momento verdadeiramente dramático em termos de crescentes tensões em todos os lados".
"A questão do Tomahawk é de extrema preocupação para nós. (Essas armas) podem ser nucleares ou não nucleares (...) Imagine só, um míssil de longo alcance decola, e sabemos que ele pode estar equipado com uma ogiva nuclear. O que a Federação Russa deve pensar?", perguntou ele na televisão estatal.
No início de outubro, Vladimir Putin alertou que o envio dessas armas para Kiev provocaria "uma nova escalada" entre Moscou e Washington, pois "o uso de Tomahawks é impossível sem a participação direta de militares americanos".
A Rússia, no entanto, garante que o fornecimento de Tomahawks não mudará a situação na linha de frente, onde suas forças vêm avançando lentamente no leste da Ucrânia desde o início da invasão em fevereiro de 2022.
(RFI com AFP)