Nesta quinta-feira (23), a imprensa na França segue acompanhando as decisões do governo quanto à reforma da Previdência. Desde o início da semana, o clima entre o presidente Emmanuel Macron e seu novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, é de divergência sobre o tema. Mas, na quarta-feira (22), o governo francês apresentou uma carta retificativa ao orçamento da Previdência Social de 2026, oficializando a suspensão parcial da reforma para depois das eleições presidenciais previstas para 2027.
O jornal Le Parisien explica que a medida traz benefícios imediatos para os futuros aposentados, mas também más notícias para quem já se aposentou, e para os trabalhadores com carreira longa.
"Apesar disso, o documento traz algumas surpresas", destaca o diário, revelando que o congelamento da reforma vai custar menos do que o previsto para as finanças públicas em 2026. A conta chega a € 100 milhões, sendo que Lecornu havia anunciado € 400 milhões. Em 2027, o valor seria de € 1,4 bilhão, contra € 1,8 bilhão inicialmente estimados.
O portal Franceinfo também destaca os mesmos valores abaixo das previsões, lembrando que a "carta retificativa" será examinada nesta quinta-feira durante o Conselho de Ministros.
Aposentados na mira
Para financiar essa medida, o governo decidiu que os planos de saúde complementares e os aposentados serão chamados a contribuir. O documento prevê o aumento da taxa de contribuição dos organismos complementares à participação do Estado, como seguros de saúde, chamados na França de mutuelles.
O site de Franceinfo complementa ainda mais um ponto negativo nas finanças para os aposentados: "Para este ano, o governo estima uma inflação de 1,75%, o que poderá afetar o poder de compra dos aposentados, caso essa previsão se confirme".
Licenças médicas e maternidade
As licenças médicas de trabalho também serão afetadas, como enfatiza Le Figaro. Segundo o novo documento, haverá uma limitação dessas licenças, que "custam cada vez mais caro ao Sistema de Saúde".
O tempo de prescrição será reduzido, as indenizações serão limitadas a quatro anos em casos de acidente de trabalho ou doença profissional, e o governo pretende eliminar até mesmo a obrigatoriedade da consulta médica para mulheres após a licença maternidade.