"Enquanto não houver mudança na política sanitária, enquanto o governo insistir no abate sistemático e total quando houver um caso de dermatose nodular contagiosa (DNC) em um rebanho, continuaremos mobilizados", declarou à AFP Sara Melki, coporta-voz da Confederação Camponesa de Aveyron.
O sindicato agrícola estabeleceu, sem confrontos com a polícia, um segundo ponto de bloqueio no sudoeste do país, apesar de uma ordem da prefeitura proibindo manifestações, emitida na sexta-feira (19).
Recebidas na sexta-feira pelo primeiro-ministro, a Coordenação Rural (CR) e a Confederação Camponesa, que criticam a gestão governamental da epidemia de DNC, não recomendaram a suspensão dos bloqueios neste período de festas de fim de ano. As seções departamentais são livres para continuar o movimento, confirmou na manhã de sábado, na France Inter, o secretário-geral da CR, François Walraet, embora tenha feito um apelo para "fazer uma pausa" durante o Natal.
Agricultores consideram as medidas do governo insuficientes
Sindicatos do setor pediram na sexta-feira uma "trégua", condicionada a uma "carta" com "todas as intenções" do primeiro-ministro. No documento, Sébastien Lecornu voltou a defender a estratégia governamental de combate à dermatose, que consiste principalmente em abater todo o rebanho afetado pela doença, e aumentou o valor do fundo de emergência anunciado no início da semana de € 10 milhões para € 11 milhões.
"As respostas esperadas, principalmente sobre as indenizações dos animais isolados, a segurança econômica das propriedades ou ainda o apoio aos produtores de cereais, não foram atendidas. Não é suficiente", reagiram os movimentos sindicalistas. Eles apoiam a estratégia sanitária atual, mas pediram ao governo "garantias" sobre a taxa de carbono europeia aplicada aos fertilizantes.
Cúpula do Mercosul no Brasil
Enquanto as tensões aumentam na França, os representantes do Mercosul se reúnem em Foz do Iguaçu para a cúpula do bloco. A assinatura do aguardado acordo de livre comércio com a União Europeia, que estava prevista para este sábado, foi adiada para janeiro.
A reunião marca o encerramento da presidência rotativa brasileira do bloco. O presidente Lula sai do comando deixando pendente o acordo de livre comércio com a União Europeia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a maioria dos países europeus contavam selar o compromisso no Brasil. No entanto, devido aos protestos de agricultores europeus, principalmente na França e na Itália, o acordo precisou ser adiado.
Apesar disso, von der Leyen expressou confiança de que a assinatura seja possível em 2026. Uma fonte da Comissão Europeia indicaram que a nova data prevista é 12 de janeiro, no Paraguai.
Negociado por mais de 25 anos, o acordo UE-Mercosul visa criar a maior área de livre comércio do mundo. Ele permitiria que os europeus exportassem mais veículos, máquinas, vinhos e bebidas alcoólicas para a América do Sul. Por outro lado, isso facilitaria a entrada de carne, açúcar, arroz, mel e soja sul-americanos na Europa.
RFI com AFP