Com manchetes como "Pelicot de Aachen?", a imprensa alemã traçou paralelos com o caso francês em que Dominique Pelicot foi condenado, no ano passado, a 20 anos de prisão por dopar sua esposa e entregá-la inconsciente para ser estuprada por estranhos recrutados online.
O réu, identificado como Fernando P., foi condenado por administrar sedativos repetidamente à esposa sem o conhecimento dela, entre 2018 e 2024 e, em seguida, estuprá-la, segundo comunicado do tribunal de Aachen.
Ele também foi acusado de "filmar os atos e disponibilizar os vídeos em grupos de discussão e plataformas na internet", informou um porta-voz do tribunal à imprensa após o anúncio do veredicto.
O homem foi considerado culpado de "estupro qualificado, agressão e lesão corporal, além de invasão de privacidade por tirar fotos", acrescentou o comunicado. A sentença, no entanto, foi menos severa do que os dez anos solicitados pela Promotoria.
Julgamento a portas fechadas
Nascido na Espanha, o homem trabalhava como porteiro até sua prisão em fevereiro passado.
A polícia alemã foi alertada sobre suas ações por internautas que identificaram conversas em grupos de mensagens online, explicou uma porta-voz. O serviço de mensagens em questão concordou em fornecer informações sobre seus usuários, permitindo que a polícia identificasse o réu.
O julgamento, iniciado em novembro, ocorreu em grande parte a portas fechadas "para proteger os interesses da vítima", informou o tribunal.
A vítima "conseguiu falar" e "compartilhar seus sentimentos", disse seu advogado a repórteres.
Este caso, no entanto, recebeu muito menos atenção na Alemanha do que o processo Pelicot na França. O julgamento francês se tornou um símbolo global da luta contra a violência contra mulheres quando Gisèle Pelicot se recusou a ter as audiências realizadas a portas fechadas, alegando que "a vergonha deveria mudar de lado", ficando com os agressores.
Com AFP