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Ele chegou a Harvard com projeto de escola pública e, agora, tem programa para ajudar jovens de baixa renda

Rafael viu ao longo dos anos a vida mudar através da educação pública e, hoje com 19 anos, já alcançou outros espaços, antes inimagináveis

27 dez 2025 - 04h59
Resumo
Rafael Souza Gama, jovem sergipano de 19 anos, transformou sua vida por meio da educação pública, participou de simulações da ONU em Harvard e Yale e fundou o movimento Athena para ajudar jovens de baixa renda a desenvolverem seu potencial.
Educação transformou minha vida em 100%, diz jovem que chegou a Harvard com projeto de escola pública
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"A gente que nasceu na periferia, parece que já vem carimbado: 'você não vai se desenvolver', 'você não tem potencial para fazer isso ou aquilo'. Eu venho desse lugar de as pessoas acreditarem que eu não ia conseguir", lembra o sergipano Rafael Souza Gama sobre sua infância. O jovem, no entanto, viu ao longo dos anos a vida mudar através da educação pública e, hoje com 19 anos, já alcançou outros espaços, antes inimagináveis, como as Universidades de Harvard e Yale, nos Estados Unidos.

Rafael é natural de Aracaju e um dos filhos de Enalva Souza, professora e mãe solo. Ele conta que teve uma infância humilde em um bairro na periferia da capital sergipana. Embora sua mãe sempre tenha "lutado para ele ter uma educação de qualidade", quando ainda era criança, era difícil para ele visualizar quais seriam os próximos caminhos da sua vida.

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"A parte que eu mais tenho de déficit é quando entra nessa área de educação. Quando a gente ia para a parte acadêmica, pensar 'o que você pretende ser?', 'o que pretende fazer?'. Pensar em uma educação, me projetar para talvez uma posição de liderança era um pouco difícil", afirma o sergipano.

Rafael Souza Gama
Rafael Souza Gama
Foto: Divulgação/Natura

O jovem iniciou a vida escolar em um colégio particular, com bolsa de estudos. "Minha mãe tinha um preconceito com a escola pública assim como grande parte da população. Para ela, escola boa era sinônimo de escola privada. Foi quando ela lutou, fez das tripas coração, pagou com o trabalho dela uma escola particular de ensino básico para mim", conta Rafael.

Ele, no entanto, diz que não conseguia se encontrar lá. "Ficava vivendo os dois muros de Aracaju. A pessoa que tem condição financeira e eu." Foi quando pediu para a mãe matriculá-lo em uma escola pública. Rafael conseguiu uma vaga e passou a estudar no Centro de Excelência Atheneu Sergipense, a partir do 9º ano do Ensino Fundamental.

A mudança com os estudos

Nesse momento, aconteceu uma virada de chave. A escola tinha alguns projetos acadêmicos em que Rafael começou a participar. No colégio, ele conheceu o projeto Estudantes Porta-vozes do Ensino Médio Integral, do Instituto Natura, que desenvolve ações de formação e incentiva o protagonismo dos jovens em suas localidades. 

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"Dentro desse projeto, eu me destaquei. Foi quando eu comecei a fazer mais projetos dentro da escola pública, a me engajar de verdade. Entender a importância da Matemática, do Português, entender o que é Ideb, Saeb, e saber que o reflexo daquela nota sou eu. Passei a ter aquele senso de pertencimento. Hoje eu bato no peito para dizer que eu fui aluno de escola pública", destaca o jovem, ao Terra, durante evento do Crer Para ver, linha de produtos da Natura que reverte o lucro para projetos que apoiam a educação pública brasileira. Em mais de 30 anos, segundo a empresa, já foram revertidos mais de R$610 milhões, impactando mais de 20 milhões de pessoas em todo o País.

Rafael Souza Gama
Foto: Divulgação/Natura

Rafael também se envolveu com o projeto Atheneu ONU, iniciativa da sua escola que prepara os estudantes para serem líderes. Os alunos participam de eventos internacionais, simulando comitês da Organização das Nações Unidas para debater temas globais. No projeto, desenvolvem habilidades diplomáticas, liderança, oratória e inglês, por exemplo.

"Eu comecei a me engajar. Fui com tudo, fui me destacando nesse processo", lembra. "E sem falar para ninguém, me candidatei para fazer parte de uma delegação para ir para Harvard. E fui selecionado", comenta.

Em 2023, Rafael foi selecionado para participar de duas simulações das reuniões da ONU: a Harvard Model United Nations (HMUN) e a Yale Model United Nations, nos Estados Unidos. As simulações foram realizadas em janeiro de 2024.  

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"Foi algo inovador. Dentro daquele ambiente, eu tive acesso a ferramentas que nunca vi. E aí eu comecei a fazer esse networking para, por exemplo, me articular e conseguir chegar em alguns espaços que eu queria", conta sobre a experiência nas universidades. 

Rafael Souza Gama
Foto: Divulgação/Natura

"Educação traz um mar de possibilidades"

Durante esse processo, Rafael também passou a enxergar uma formação no Ensino Superior. Inicialmente, ele pensou em Medicina, mas, quando voltou dos Estados Unidos, decidiu que o seu caminho era continuar trabalhando com Educação. Ele fundou o movimento Athena, que busca dar oportunidades para que jovens de baixa renda desenvolvam seu potencial. 

"Criei a Athena, em homenagem ao colégio que mudou a minha vida, o Atheneu Sergipense. Na Athena, a gente cataloga algumas oportunidades globais e faz parcerias com o setor privado e público para dar essas oportunidades aos estudantes. A gente tem mais de 30 estudantes em cursos pré-vestibulares em um colégio lá em Sergipe. A gente tem 20 estudantes que vão conosco para uma simulação da ONU em Yale", explica.

"Esse meu projeto é muito do esperançar, de acreditar que a educação pode fazer. Eu quero ter algo institucional para poder impactar as pessoas. Foi o caminho que eu achei pra fazer isso", afirma o jovem. Agora, o próximo passo de Rafael é buscar uma vaga no Ensino Superior, também na área de Educação.

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"Eu vejo a importância que a educação teve de transformação na minha vida foi de 100%. Se eu não tivesse tido acesso à educação como uma ferramenta de transformação social, eu, Rafael, não poderia ter sonhado com Harvard, não poderia ter sonhado com simulação da ONU, não poderia ter sonhado hoje em uma qualidade de vida melhor para meu irmão, para minha mãe. Eu transformo a educação em uma ferramenta de desenvolvimento para impacto social de pessoas. E isso foi o que me formou. É quem eu sou hoje."

Fonte: Portal Terra
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