Por muito tempo, políticas voltadas ao colaborador eram vistas como um luxo reservado a poucas empresas. Benefícios, programas de bem-estar e escuta ativa eram considerados diferenciais. Essa lógica, porém, parece cada vez mais ultrapassada: o clima organizacional deixou de ser um "extra" e passou a ser condição para a retenção de talentos, resultados e o crescimento das organizações.
O tema ganha relevância em um mercado de trabalho aquecido, com taxa de desemprego em 5,6% no terceiro trimestre deste ano - menor índice da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com início em 2012. Mudanças econômicas, tecnológicas e sociais recentes aceleraram a percepção de que a produtividade depende de um estado físico e mental positivo.
"O clima organizacional passou a ser entendido como parte da estratégia e não apenas como um indicador de satisfação. É ele que sustenta a inovação e a competitividade das organizações", defende André Fischer, coordenador da pesquisa Lugares Incríveis Para Trabalhar, da FIA Business School. "Por isso, mais do que reconhecer as empresas que se destacam, temos como missão estimular essa mudança de mentalidade no mercado."
A construção de um ambiente de trabalho agregador é, além do prêmio, uma premissa que as 150 empresas consideradas Lugares Mais Incríveis Para Trabalhar têm em comum. "O que há de mais precioso para uma empresa é o recurso humano. É isso que faz diferença no negócio. Por isso, exaltamos equipes de gestão de pessoas eficientes, bem desenvolvidas e que valorizam os colaboradores", diz o diretor de marketing e inteligência de mercado do Estadão, Rodrigo Flores.
Transformação
O conceito de clima organizacional tem sido traduzido por empresas de diferentes setores em ações concretas: programas de diversidade, trilhas de carreira, políticas de saúde mental e espaços de escuta ativa já fazem parte da rotina de muitos profissionais.
Para Anaísa Lübeck, superintendente de pessoas e desenvolvimento organizacional do A.C.Camargo Cancer Center, o segredo da boa gestão está na coerência entre discurso e prática. "As pessoas percebem quando uma instituição realmente se preocupa com elas. Escutar, compreender e agir de acordo com o que é dito cria uma relação de confiança que sustenta o nosso propósito."
O olhar para o clima organizacional também passa pela valorização da boa convivência e do diálogo. "Temos um modelo de gestão que incentiva o diálogo e a proximidade entre as equipes. Criamos um ambiente em que as pessoas se sentem pertencentes, o que naturalmente estimula o engajamento e os resultados", observa Fernanda Casanova, diretora corporativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Novos caminhos
A transformação na gestão de pessoas não se faz em um estalar de dedos - é necessário ter propósito, objetivos claros e organização para atingir as metas. O ideal é começar pequeno. "O essencial é ouvir as pessoas e agir a partir do que elas dizem. Uma pesquisa de clima, por exemplo, só faz sentido se gerar planos de ação e retorno claro aos colaboradores", recomenda Paola Barreira, gerente sênior de RH da Renner.
Tão importante quanto mapear grandes programas ou investimentos, é manter a constância nos pequenos gestos. "Criar um ambiente saudável começa com atitudes simples: reconhecer conquistas, praticar a empatia e incentivar o diálogo entre as equipes. Quando as pessoas percebem que a mudança é genuína, o engajamento vem naturalmente", defende Luiza Mariutti, coordenadora de responsabilidade social, diversidade e inclusão da Arteris.
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