Lula chamou o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel de "juiz picareta" em discurso realizado em outubro, e não o atual governador Cláudio Castro, como foi divulgado de forma enganosa nas redes sociais.
O que estão compartilhando: que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, de "picareta" durante discurso sobre segurança pública.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Lula chamou de "juiz picareta" o ex-governador Wilson Witzel, e não Castro. A declaração foi feita em 15 de outubro, antes da megaoperação policial na capital carioca. O presidente criticou a eleição de Witzel, que foi afastado do cargo no governo do Rio de Janeiro, em 2020.
Saiba mais: Por meio da busca reversa (saiba como fazer), o Verifica localizou o contexto original do discurso de Lula. Diferentemente do que afirma uma postagem no Instagram que teve mais de 100 mil visualizações, o presidente criticou Wilson Witzel, e não o atual governador Cláudio Castro.
Durante a cerimônia de Dia dos Professores, em 15 de outubro, Lula se queixou sobre os resultados eleitorais no Rio de Janeiro. Em referência a Wilson Witzel, eleito em 2018, o chamou de "juiz picareta".
Confira abaixo:
Wilson Witzel era juiz federal da 2ª região quando foi eleito ao governo do Rio com apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele foi investigado pela Polícia Federal, em 2020, por supostos desvios de recursos da saúde durante a pandemia de covid-19. Ele foi afastado do cargo em agosto do mesmo ano, enquanto o processo de impeachment foi concluído em 2021.
O vice Cláudio Castro assumiu o governo do Estado em 2020 e foi reeleito no pleito de 2022.
Lula cobrou ações contra facções após operação
O Verifica não localizou registros na imprensa profissional ou em comunicados oficiais de críticas de Lula contra Castro após a megaoperação no Rio de Janeiro.
O presidente fez o seu primeiro posicionamento sobre o assunto na quarta-feira, 29, em suas redes sociais. Lula disse que pediu um encontro aos ministros da Justiça e ao diretor-geral da Polícia Federal com o governador.
"Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco", declarou.
Nesta terça-feira, 4, Lula rebateu Castro, para quem a operação foi um "sucesso". O presidente falou que "a pessoa pode considerar [a operação] um sucesso" do ponto de vista da quantidade de mortes, mas que ela foi "desastrosa do ponto de vista da ação do Estado".
Lula assinou o Projeto de Lei Antifacção, na última sexta-feira, 31, que estabelece punições mais rígidas para condenados por envolvimento com facções criminosas. O texto foi enviado ao Congresso Nacional.
A operação policial contra o Comando Vermelho na zona norte do Rio, que ocorreu no dia 28, resultou em 121 mortos, sendo quatro policiais.
Verificação sobre publicação semelhante também foi publicada pelo Aos Fatos.
Perfil dos mortos em operação do Rio mostra retrato da mão de obra do tráfico: homens e jovens
Castro afirma ao STF que megaoperação com 121 mortos foi 'legítima' e com força 'proporcional'
Como lidar com posts do tipo: Após a ação policial na cidade carioca, circulam nas redes sociais desinformação sobre o tema. O Verifica já mostrou que vídeos foram criados com inteligência artificial (aqui e aqui). No caso da publicação analisada, usamos a ferramenta da busca reversa e procuramos por notícias na imprensa profissional para realizar a verificação.
