Quem é Jorge Messias, homem de confiança de Lula e favorito para vaga no Supremo Tribunal Federal

Advogado-geral da União e aliado histórico do presidente deve suceder Luís Roberto Barroso

16 out 2025 - 04h59
Jorge Messias é um dos cotados para o STF
Jorge Messias é um dos cotados para o STF
Foto: WILTON JUNIOR / Estadão

O advogado-geral da União, Jorge Messias, desponta como favorito para ocupar a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, de 67 anos. A saída permitirá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicar o terceiro ministro a Corte em seu atual mandato.

Formação e trajetória

Recifense de 45 anos, Messias nasceu em 25 de fevereiro de 1980. Graduado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB). Desde 2007, integra os quadros da Advocacia-Geral da União (AGU) como procurador da Fazenda Nacional, acumulando experiência em funções estratégicas no Executivo.

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Antes de comandar a AGU, atuou como subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC e consultor jurídico em diferentes ministérios.

A decisão de Lula de nomeá-lo para a AGU foi interpretada, à época, como um gesto político: além de ser um aliado próximo, Messias é membro da Igreja Batista, o que ajudou o governo a estreitar pontes com o eleitorado evangélico.

Perfil pessoal e relação com o presidente

Casado com Karina e pai de dois filhos, Vitória e João Pedro, Messias mantém raízes em Pernambuco e é torcedor do Sport. Dentro do governo, é visto como um dos quadros mais leais a Lula --característica que o fortalece no Planalto, mas também desperta desconfianças no Congresso. Alguns parlamentares o associam diretamente ao núcleo político do PT.

Messias já havia sido cogitado para a vaga deixada por Rosa Weber, em 2023, mas Lula acabou escolhendo Flávio Dino, então ministro da Justiça.

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Resistências no Senado

Nos bastidores do Congresso, a sucessão de Barroso já é tema de conversas reservadas. Senadores reconhecem que ainda não há movimentação aberta, mas percebem uma disputa discreta. O nome de Messias divide opiniões.

“Lembra do passado como Bessias? Pois é... isso deve gerar dificuldades”, disse um senador sob reserva. Outro completou: “Vai ter dificuldade. Muita! Lembra da Dilma orientando o ‘Bessias’?”. Um terceiro ironizou: “Estão em campanha por ele. Mas isso quer dizer muita coisa, não.”

A menção remete ao episódio de 2016, quando um grampo telefônico revelou o teor da conversa entre a então presidente Dilma Rousseff PT) com Lula citando o “Bessias” --apelido de Messias-- como emissário do termo de posse do petista na Casa Civil. Na época, o advogado era subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil e servidor de carreira da AGU. A nomeação de Lula foi suspensa, por meio de decisão liminar, por Gilmar Mendes. 

O “fantasma do Bessias”

O episódio fez do apelido um símbolo de lealdade, mas também um obstáculo potencial. No Senado, “Bessias” virou piada recorrente em conversas sobre a indicação ao Supremo. 

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Aliados do Planalto reconhecem que o “fantasma do Bessias” pode atrapalhar o caminho de Messias rumo ao STF — mesmo que Lula continue apostando que a fidelidade vale mais do que a memória.

Fonte: Portal Terra
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