Acidente aéreo: por que aeronaves pequenas não possuem caixa-preta?

Queda de avião na Barra Funda levanta questionamentos sobre a segurança de aeronaves pequenas e a ausência de caixa-preta nesses modelos

8 fev 2025 - 05h00
Avião de pequeno porte King Air caiu na Avenida Marquês de São Vicente na manhã desta sexta-feira.
Avião de pequeno porte King Air caiu na Avenida Marquês de São Vicente na manhã desta sexta-feira.
Foto: Fábio Vieira/Estadão / Estadão

O acidente com um avião de pequeno porte que caiu na manhã desta sexta-feira, 7, na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, em São Paulo, reacendeu debates sobre a segurança desse tipo de aeronave. Com dois mortos e sete feridos, a explosão após a queda interditou vias e impactou o trânsito da região. Mas uma pergunta sempre surge em casos como esse: por que pequenas aeronaves não possuem caixa-preta?

Fernando Catalano, professor de Engenharia Aeronáutica e diretor da Escola de Engenharia de São Carlos, da USP, explica que a ausência desse equipamento está relacionada à estrutura eletrônica das aeronaves de menor porte.

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"Não se justifica ter um sistema tão grande e pesado. Talvez tenha uma gravação de voz, algumas [aeronaves] têm, mas aeronaves monomotoras, mais esportivas, não possuem. Pode haver um transponder que sinaliza se a aeronave cai em uma área remota, mantendo um sinal, mas quanto menor a aeronave, menos tecnologia há a bordo", esclarece.

A caixa-preta, presente em aviões comerciais, registra dados de voo e conversas da cabine para investigações em caso de acidentes. No entanto, aeronaves menores operam sob regras diferentes. "Todas seguem um padrão muito severo de segurança", enfatiza Catalano. 

O especialista também destaca que o aumento de acidentes envolvendo aviões de pequeno porte pode dar a impressão de um cenário mais perigoso, mas, na verdade, reflete o crescimento do tráfego aéreo.

"O que houve foi um aumento muito grande da atividade aérea pós-pandemia. Se você dividir o número de acidentes pelo total de voos, verá que a taxa continua baixa", explica.

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Ainda que aviões comerciais tenham manutenções mais frequentes e operem em aeroportos mais preparados, Catalano reforça que aeronaves menores não são mais ou menos perigosas. "Eles seguem os mesmos critérios de manutenção e operação do transporte aéreo. Caso contrário, não poderiam operar."

O impacto das mudanças climáticas também tem sido um fator de preocupação. "Eventos climáticos extremos afetam tanto aviões grandes quanto pequenos, mas os menores tendem a sofrer mais", afirma.

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Fonte: Redação Terra
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