Exclusivo: aceleramos a Kia Tasman, picape 'anti-Hilux' que chega em 2026

A primeira picape média da marca no mundo estreia no segundo semestre de 2026 com motor 2.2 turbodiesel de 210 cv, espaço de Ford Ranger e sem dever nada em tecnologia para as rivais

24 dez 2025 - 18h24

A hegemonia das picapes médias no Brasil está prestes a ganhar um novo — e exótico — capítulo. Após roubar a cena no Salão do Automóvel de São Paulo 2025 e dividir opiniões com suas linhas retas e futuristas, a Kia Tasman teve seu passaporte carimbado.

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A marca confirmou: a picape desembarca nas concessionárias brasileiras no segundo semestre de 2026 com uma missão clara (e difícil): desbancar a líder de vendas Toyota Hilux e a tecnológica Ford Ranger.

KIA TASMAN
KIA TASMAN
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O Jornal do Carro acelerou a picape com exclusividade e detalha o que esperar da primeira picape média da história da Kia, que aposta além do design disruptivo em um conjunto mecânico robusto e sem eletrificação e em um pacote tecnológico completo para conquistar um dos públicos mais exigentes do Brasil: o consumidor de picapes.

"Ame ou odeie"

Ao vivo, a Tasman impressiona mais do que nas fotos. O visual foge completamente do padrão arredondado das rivais. A dianteira é a mais polêmica por exibir uma grade avantajada com apliques em plástico preto contribuindo para um visual bem agressivo.

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KIA TASMAN
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O conjunto óptico não está em evidência, fugindo do padrão do segmento. Posicionados nas extremidades e com dimensões reduzidas, os faróis ficam em segundo plano. É inegável a ousadia da Kia ao romper com a tendência de projetores cada vez maiores e protagonistas; porém, ser disruptivo tem riscos, e o maior deles foi criar um visual do tipo 'ame ou odeie'.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

As caixas de roda com molduras plásticas retangulares e a caçamba com vincos profundos reforçam a proposta utilitária. Evidenciam um design que certamente polariza, mas garante identidade própria nas ruas — algo raro no segmento.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Mas de perfil o que impressiona mesmo é o porte: são 5,41 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,87 m de altura e 3,27 m de entre-eixos. Inclusive o entre-eixos é o mesmo da rival Ranger, o que garante um espaço interno generoso — superior ao da líder Hilux, que tem 3 m de entre-eixos.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O design da traseira é mais sóbrio, quem sabe para oferecer um equilíbrio diante de tanta ousadia. As lanternas em LED são minimalistas e a tampa com o nome Kia em alto relevo e a inscrição 'Tasman' mais discreta.

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FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

A capacidade de carga é de 1.007 kg, o que a coloca dentro da média do segmento. A tampa da caçamba conta com amortecedores que impedem que ela despenque, tornando a abertura mais suave e segura.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

A unidade cedida pela Kia do Brasil é pré-série e, portanto, traz acessórios e equipamentos que não necessariamente estarão presentes na picape quando desembarcar oficialmente no Brasil no segundo semestre de 2026.

Um desses acessórios é a capota marítima elétrica, que seria um excelente diferencial na categoria. Por outro lado, a unidade testada não contava com estribos, e essa ausência foi sentida no dia a dia com a picape.

Nada de eletrificação

Para o mercado brasileiro, a Kia foi pragmática. Nada de motor a gasolina e nem mesmo o auxílio de um motor elétrico. A aceitação de picapes eletrificadas no Brasil, inclusive, não tem sido positiva — tendo em vista o péssimo desempenho em vendas da híbrida BYD Shark.

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A Tasman virá equipada com o motor 2.2 turbodiesel de quatro cilindros, capaz de entregar 210 cv de potência e 45 kgfm de torque. O conjunto é acoplado a um câmbio automático de oito marchas com tração 4x4 e reduzida, além de bloqueio do diferencial traseiro.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O 0 a 100 km/h prometido pela Kia é de 9,7 segundos e está dentro da média da categoria. Com o seu motor 2.8 turbodiesel (200 cv), a Hilux crava essa prova em 10 segundos segundo a fabricante. Já a Ranger nas versões com o 3.0 V6 (250 cv) faz o mesmo em 9,2 segundos.

Os números mostram que agilidade é um dos pontos fortes da Tasman, isso mesmo com os seus 2.248 kg. O motor mostra fôlego, afinal o máximo de torque é entregue cedo (a apenas 1.750 rpm) e não houve presença daquela morosidade típica de motores a diesel.

A convivência com a Tasman foi curta e não permitiu rodar com a caçamba carregada. No entanto, a impressão é de que o propulsor 'dá conta do recado' com sobra, mesmo quando a capacidade máxima de carga for exigida.

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FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Outra boa impressão é que o 2.2 turbodiesel trabalha sem fazer tanto barulho e só se 'exalta' um pouco quando o modo Sport é acionado. A vida a bordo também é silenciosa graças ao bom isolamento acústico da cabine.

O comportamento dinâmico é outro ponto que merece elogio. A Kia Tasman privilegia o conforto e proporciona ao volante uma condução próxima a um SUV - lembrou o comportamento da Ford Maverick, picape conhecida por proporcionar uma direção semelhante a um carro de passeio.

Quem viaja no banco traseiro sente mais as imperfeições do piso, pois a suspensão traseira é de eixo rígido com feixe de mola. É necessária para aguentar uma tonelada de carga, mas não irá filtrar tão bem as irregularidades do piso como uma suspensão multilink. Apenas Ford Maverick e Ram 1500 apresentam esse tipo de suspensão mais sofisticado.

Interior de SUV de luxo

Se por fora ela é bruta, por dentro a Tasman respira tecnologia. O painel segue a escola dos lançamentos recentes da marca, como o Sportage e o EV9. O destaque é o arranjo de tela tripla panorâmica.

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O quadro de instrumentos traz 12,3", assim como a central multimídia, e há ainda uma tela entre as duas para o controle do ar-condicionado de cinco polegadas. O mais interessante é que as três telas estão na mesma moldura horizontal, trazendo sobriedade e requinte para a cabine.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

Destaque para a multimídia que traz espelhamento sem fio com Apple Car Play e Android Auto com operação intuitiva e grafismos modernos. Porém, não dá pra dizer o mesmo da tela para controle da climatização que fica atrás do aro do volante, o que prejudica o acesso e a operação.

A boa notícia é que há controles físicos no console central que permitem o controle do ar-condicionado e também o de outras funções importantes como volume do som e pisca alerta.

FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O acabamento é esmerado e traz uma mescla de materiais que proporciona diversidade de texturas, tornando o ambiente mais sofisticado. O console central largo e em dois tons também reforça a sensação de requinte.

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FR12 SAO PAULO - SP - 18/12/2025 - JORNAL DO CARRO - KIA TASMAN- Fotos do Kia Tasman.. FOTO: Felipe Rau/Estadão
Foto: Felipe Rau/Estadão / Estadão

O pacote de assistências ao motorista é completo e conta com piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e sensor de ponto cego com imagens que são exibidas em alta resolução ao dar seta para esquerda ou para direita — esse último recurso facilita muito a condução em congestionamentos ao mudar de faixa. A resolução da câmera de ré também impressiona pela qualidade da imagem.

Conclusão

A Kia Tasman chega em um mercado repleto de picapes consagradas e ainda terá o desafio de enfrentar novatas de marcas tradicionais, como a Ram Dakota. A questão é que a Kia tem uma operação no Brasil por meio de um importador independente, o Grupo Gandini, e historicamente não aposta em modelos de volume.

A Tasman, porém, tem qualidades como bom desempenho, comportamento dinâmico e pacote tecnológico que podem conquistar o cliente brasileiro. O design ousado pode ser um problema.

Estima-se que a versão de lançamento, provavelmente a X-Pro, custe entre R$ 360 mil e R$ 390 mil. Nessa faixa a Tasman briga com as versões topo de linha de Ranger e Hilux. Será que com um preço mais atrativo a Kia venceria essa batalha?

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