Sniper Elite: Resistance prova que a franquia parou no tempo

Novo capítulo da série oferece sequência tímida

7 fev 2025 - 12h11
Sniper Elite: Resistance prova que a franquia parou no tempo
Sniper Elite: Resistance prova que a franquia parou no tempo
Foto: Rebellion / Reprodução

Sniper Elite é aquela típica franquia que sempre fez me perguntar: como conseguem lançar novos jogos tão rapidamente? Especialmente ao olhar para a quantidade de títulos lançados nos últimos anos, tendo um spin-off de zumbis que já chegou ao quarto jogo, dois títulos para realidade virtual e, claro, a linha principal, que já teve um remaster recente e agora caminha para o sexto jogo - que desta vez não recebe o número na capa.

Em "Sniper Elite: Resistance", novo capítulo da saga desenvolvida pela Rebellion, a resposta é clara, falta inovação e o uso da fórmula já saturou. Mesmo com um novo protagonista, a sensação que fica é de retrocesso, sem qualquer novidade significativa, dando a impressão de que o estúdio apenas recicla a mesma fórmula lançamento após lançamento.

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A resistência francesa

A história de Sniper Elite: Resistance se passa em 1944, em meio à Segunda Guerra Mundial, desta vez com um novo protagonista, Harry Hawker. O jogo ocorre simultaneamente aos eventos de Sniper Elite 5, justificando a ausência de Karl Fairburne, personagem principal dos títulos anteriores. A trama acompanha Harry em sua missão de impedir o avanço de uma arma química que pode mudar o rumo da guerra, localizada no coração da França.

Ao longo da trama, Harry tem ajuda das forças da resistência local, lideradas por Marie Renarde. Essa personagem é essencial na história. Dela recebemos um resumo antes de cada missão, em uma série de cenas que remetem a documentários antigos, o que combinou bastante com o tema da saga. O vilão Otto Krugger também se destaca, com momentos que evidenciam seu caráter megalomaníaco e sua obsessão por concluir seu projeto.

A campanha principal é relativamente curta, com apenas nove missões que podem levar algumas horas para serem concluídas, dependendo do nível de dificuldade escolhido. No entanto, o jogo compensa isso com um bom volume de conteúdo e um bom fator replay, com destaque para o modo Propaganda.

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A variedade dos cenários impressiona
Foto: Matheus Santana / Reprodução

Nesse modo, o jogador enfrenta uma série de desafios como um membro da resistência, precisando completar os objetivos dentro do tempo limite. Para desbloquear essas missões, é necessário encontrar cartazes espalhados pela campanha principal, incentivando a exploração. Além disso, toda a campanha pode ser jogada em modo cooperativo com um amigo. O jogo também conta com um modo multiplayer, incluindo variações clássicas como o mata-mata em equipe e cada um por si.

Outro retorno é o modo Invasão do Eixo, introduzido em Sniper Elite 5, permitindo que os jogadores invadam a campanha de outros em qualquer missão. Concluir a invasão com sucesso garante experiência e skins como recompensa. Para aqueles que preferem jogar sem interrupções, há a opção de desativar as invasões.

Por mais que os cenários do jogo sejam visualmente bonitos e a Rebellion tenha feito um bom trabalho ao retratar a França, o design das fases acaba sendo bastante simples. A maioria das missões se resume a destruir algum armamento, investigar um determinado local ou eliminar um general.

As áreas dessas missões são amplas, permitindo certa liberdade na exploração, mas algumas partes do mapa só podem ser acessadas caso o jogador encontre ferramentas específicas, como um pé de cabra para tirar algum obstáculo ou um alicate para cortar cadeados de portões. 

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Harry tem um arsenal à sua vontade
Foto: Matheus Santana / Reprodução

Gameplay datada

Nas primeiras missões, me vi entusiasmado ao rever os famosos "x-ray", que se tornaram a marca registrada da franquia. Acertar um tiro certeiro a longas distâncias e ver o impacto detalhado ainda é satisfatório, mas, com o tempo, essa mecânica acaba se tornando repetitiva e perdendo um pouco do impacto inicial, o que é uma pena.

Além disso, o maior problema do jogo acaba sendo os inimigos. A inteligência artificial deles oscila entre ser muito esperta e completamente inexistente. Em certas situações, o sistema de escuta implementado nos silenciadores parece exagerado, com inimigos detectando os tiros mesmo quando estão fora do alcance adequado. Já em outros momentos, eles simplesmente ignoram a presença do jogador. Para se ter uma idéia, é possível correr ao lado deles em várias partes do mapa sem que eles ouçam o Harry.

A furtividade do jogo também é problemática, para não dizer que é inexistente. Os inimigos, mesmo sem serem franco-atiradores, conseguem te ver a distâncias absurdas. Em alguns momentos, a sensação é de que vale mais a pena chamar toda a atenção para avançar na fase do que tentar jogar de forma silenciosa.

Harry acaba sendo um personagem bastante truncado em relação ao cenário, frequentemente ficando preso em objetos e obstáculos. As animações para subir e descer escadas evidenciam a falta de refinamento, prejudicando a fluidez do jogo. A jogabilidade, que em gerações passadas poderia ser considerada satisfatória, agora se mostra datada, revelando como a Rebellion mantém um ciclo acelerado de lançamentos da franquia, sem grandes evoluções entre os títulos.

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Considerações

Sniper Elite Resistance - Nota 6
Foto: Divulgação / Game On

Sniper Elite: Resistance poderia facilmente ter sido uma expansão de Sniper Elite 5, mas acaba tropeçando nos mesmos problemas que acompanham a série há anos. Apesar de oferecer cenários visualmente agradáveis e um bom fator de replay com modos adicionais, como o Propaganda e o retorno do modo Invasão, a experiência se torna frustrante devido à inteligência artificial inconsistente, mecânicas de furtividade praticamente inexistentes e uma jogabilidade engessada.

Sniper Elite: Resistance está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series X|S.

Esta análise foi feita no Xbox Series X, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela ID@Xbox.

Fonte: Game On
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