Octopath Traveler 0 traz jornada sobre ruínas, renascimentos e destinos

Square Enix acerta novamente com o novo capítulo da sua popular série de RPG HD-2D

3 dez 2025 - 10h20
Octopath Traveler 0 traz jornada sobre ruínas, renascimentos e destinos
Octopath Traveler 0 traz jornada sobre ruínas, renascimentos e destinos
Foto: Reprodução/Square Enix

Octopath Traveler 0 é o novo título da aclamada série HD-2D da Square Enix, que serve como prelúdio da franquia e é uma reinterpretação ambiciosa para consoles de Octopath Traveler: Champions of the Continent, que foi lançado originalmente em 2020 para plataformas mobiles.

E se a sua intenção para dezembro é mergulhar em um RPG denso, longo, cheio de histórias interligadas e aquele charme visual que só Octopath sabe entregar, este pode ser o companheiro ideal para fechar o seu ano. A seguir, aqui no Game On, destrinchamos o que faz deste novo capítulo uma adição tão curiosa — e, em muitos momentos, memorável — à famosa franquia.

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O protagonista é você

A grande virada de Octopath Traveler 0 é permitir que o jogador construa seu próprio protagonista. Vindo de uma série que sempre apostou em personagens pré-definidos, com histórias densas e muito próprias, essa mudança soa ousada.

E, surpreendentemente, funciona. Você sente que está guiando alguém que realmente poderia existir naquele mundo — alguém que carrega a dor da perda da sua vila natal, mas que molda seu futuro pedra por pedra. Literalmente.

Essa escolha tem impacto direto no tom do jogo: Octopath 0 não é apenas sobre seguir o destino de oito viajantes; é sobre criar a raiz de um. Seu personagem deixa de ser espectador de dramas alheios e se torna o centro do impacto emocional, algo que faltava à série.

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História tem como protagonista o personagem personalizado pelo jogador
Foto: Reprodução

Nossa história começa na pacata cidade de Wishvale, na verdejante região das Florestas — embora a paz não dure muito. Devido a um infeliz evento, o charmoso povoado é completamente destruído e a maioria de seus habitantes são cruelmente assassinados. Agora, além da jornada em busca de vingança, a reconstrução de Wishvale é o fio condutor da experiência.

Não é um minigame jogado ao vento, nem um sistema que existe só para preencher tempo e espaço. Cada casa levantada, cada morador que retorna, cada recanto que renasce reforça o tema mais importante do jogo: para seguir adiante, é preciso reconstruir o que foi perdido.

É um sistema simples, mas poderoso — e funciona porque o game nunca transforma isso em um fardo. A cidade é um reflexo de suas escolhas, de seus aliados, de suas batalhas. É como se o jogo pegasse a estrutura clássica de RPGs de jornada e a combinasse com o sentimento de “colocar tudo no lugar novamente”, algo que ecoa bem com quem cresceu jogando e aprendeu que mundos pixelados também podem curar e emocionar.

Combate familiar — e ainda irresistível

Monte uma equipe com até 8 personagens em combates estratégicos e dinâmicos
Foto: Reprodução

O sistema Break & Boost retorna como aquele velho amigo que você encontra depois de anos: ainda afiado, ainda estratégico, ainda em turnos e oferecendo aquele prazer quase matemático de desmontar inimigos por camadas. Mas agora com um elenco gigantesco de aliados possíveis — são mais de 30 recrutáveis. 

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Você monta seu grupo de oito viajantes como se estivesse dirigindo uma trupe ambulante de talentos, cada batalha parecendo uma coreografia calculada, onde timing é tudo. O sistema de combate sempre foi o grande destaque da série, em em Octopath Traveler 0 ele retorna em todo o seu esplendor. 

Ele tem ritmo, estilo e recompensa. É JRPG raiz com polimento moderno, trazendo a assinatura do HD-2D que a Square Enix nos apresentou em 2018. Ele se baseia em explorar as fraquezas do inimigo para remover seus pontos de escudo. Quando esses pontos chegam a zero, seu infeliz oponente fica atordoado e sofrerá mais dano por um turno.

Belíssima arte em pixel

Belíssimos visuais em HD-2D aguardam os jogadores que se aventurarem em Octopath Traveler 0
Foto: Reprodução

Visualmente, Octopath Traveler 0 é talvez o ponto mais refinado dessa estética. A iluminação, os efeitos de profundidade, o contraste entre pixels e partículas — tudo dá a sensação de estar jogando um diorama vivo, com camadas de nostalgia e modernidade coladas uma na outra.

É como se a Square Enix tivesse decidido provar que o HD-2D não é moda passageira; é uma linguagem visual completa, com personalidade própria e que veio para ficar, combinando a belíssima arte em pixel com ambientes 3D e efeitos modernos.

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Em alguns momentos, especialmente em cutscenes importantes ou quando Wishvale começa a renascer, em que só olhar para o cenário já reforça o tema da jornada. O jogo quer que você sinta que está vendo algo se reerguer diante dos seus olhos, quadro a quadro.

Uma longa jornada

A reconstrução da cidade permite colocar edifícios, plantações, flora, caminhos e outras estruturas
Foto: Reprodução

Prepare-se para uma longa jornada. Como dito no início deste texto, Octopath Traveler 0 possui uma história longa, que facilmente pode levar mais de 100 horas para ser concluída - uma duração que pode assustar quem não estiver preparado para se dedicar ao jogo.

Só o primeiro grande arco exige cerca de 30 horas. Logo de início, você escolhe entre três rotas distintas, embora possa explorá-las por completo depois.

A trama se desenrola novamente em Orsterra, onde você assume o papel de um Escolhido portador dos Anéis Divinos. Recuperar os anéis restantes, agora em posse de figuras implacáveis e ambiciosas, move a narrativa pelos primeiros capítulos — até que a história tome novos rumos e a reconstrução de Wishvale se torne um elemento central, expandindo a escala do que era visto em Champions of the Continent.

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Ainda que o jogo sirva de adaptação, ele não se limita a repetir ideias. Há novos contextos, novas motivações e novas histórias de fundo. A dublagem completa acrescenta força às reviravoltas, tornando o drama mais envolvente.

Mesmo que você já tenha jogado Champions of the Continent, ou os outros jogos da série, você terá uma experiência nova com Octopath Traveler 0. Ele funciona como ponto de entrada e como peça complementar, encontrando equilíbrio entre novidade e familiaridade.

A ausência que pesa

Infelizmente jogo não possui localização para o português
Foto: Reprodução

Se há uma pedra no caminho desta jornada que pode afastar alguns jogadores, é a falta de localização para o português brasileiro. Em um RPG tão dependente de texto — menus, diálogos, nuances, pequenas descrições que constroem atmosfera — essa ausência se torna mais do que uma dificuldade: vira distância.

Não é apenas ler em outro idioma; é perder parte da conexão emocional. Um detalhe que, em 2025, já não parece aceitável, especialmente considerando o carinho do público brasileiro pelos JRPGs. O jogo continua excepcional, mas poderia ser mais acolhedor para o seu público verde e amarelo.

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Considerações

Octopath Traveler 0 - Nota 8,5
Foto: Divulgação / Game On

Octopath Traveler 0 é um daqueles raros RPGs que entendem que a força de uma jornada não está apenas nos lugares por onde passamos, mas nas marcas que carregamos ao voltar para casa. Ao combinar a estrutura clássica da série com a ideia de reconstrução — tanto de um protagonista quanto de uma cidade inteira — o jogo cria uma experiência que ressoa em um nível mais íntimo e emocional. Ele honra o legado da franquia, mas não tem medo de experimentar, de ampliar horizontes e de ajustar o foco para algo mais humano.

Mesmo com a ausência de localização em português e uma duração que pode intimidar, Octopath Traveler 0 se impõe como uma celebração do HD-2D e do JRPG tradicional, sem perder frescor. É denso, belo e surpreendentemente acolhedor para quem busca uma aventura com alma. Uma excelente pedida para você encerrar o ano de 2025 com chave de ouro.

Octopath Traveler 0 está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Switch 2 e Xbox Series.

Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Square Enix.

Fonte: Game On
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