O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final estreou nos cinemas em 1991, e até hoje é um dos maiores filmes de ficção científica da história, e sua influência ainda pulsa forte. Por isso, não surpreende que quase 35 anos depois, a Bitmap Bureau e a Reef Entertainment tenham decidido revisitar esse universo - só que com pixels, sprites e aquele espírito 16 bits que tanto moldou uma geração.
Terminator 2D: No Fate não tenta modernizar o passado. Ele o reconstrói com orgulho. É como se alguém tivesse encontrado nos arquivos perdidos do Mega Drive um cartucho que nunca existiu — mas deveria. O resultado é um jogo retrô que respeita o cinema e abraça o videogame clássico, por meio da estética que dominou as locadoras dos anos 90.
O resultado final ficou incrível, e agora você confere mais detalhes do jogo aqui no Terra Game On!
A Guerra Contra as Máquinas
Na época do lançamento do filme, o Mega Drive, o Super Nintendo e outros sistemas até receberam adaptações oficiais, mas ninguém lembra delas com carinho. Traziam experiências rasas, limitadas e, em alguns casos, frustrantes. Curiosamente, Terminator 2D bebe muito mais de The Terminator de 1992 para o Mega Drive (aquele jogo bacana, porém curtíssimo, inspirado no primeiro filme) e da versão expandida do Sega CD (que poucos chegaram a jogar) do que das fracas adaptações de T2 da época.
No Fate, porém, eleva tudo a outro nível. Ele recria a história de O Exterminador do Futuro 2 com uma fidelidade surpreendente. Cenas icônicas foram reinterpretadas em pixel art, diálogos-chave recebem novos detalhes e há até trechos inéditos que expandem momentos rápidos do longa. O jogo permite controlar Sarah Connor e o T-800 em missões que recontam a fuga do hospital psiquiátrico, o ataque à Cyberdyne e, claro, o inevitável confronto contra o T-1000.
Mas a verdadeira boa surpresa é o que está além do filme: missões no futuro, com John Connor adulto liderando a resistência. Aqui, o jogador assume o comando do último bastião da humanidade em campos de batalha devastados — um conteúdo que soa como um “T2 1.5”, explorando aquilo que James Cameron só mostrou em pequenos flashes.
E, como um bônus muito bem-vindo, Terminator 2D ainda brinca com finais alternativos. As escolhas feitas em pontos específicos mudam o rumo da história, abrindo caminhos fora da cronologia do cinema. É um presente para fãs que conhecem cada cena do filme de cor.
Ah, e uma dica: reassistir o filme antes de jogar torna tudo ainda mais saboroso.
Ação brutal em 16 bits
A alma de Terminator 2D está na ação e no ritmo. Ele é, na essência, um correr-e-atirar old school — rápido, direto e sem frescuras, honrando clássicos como Contra e Gunstar Heroes. Você pode jogar como:
- Sarah Connor: ágil, versátil e feroz, equilibrando combate corpo a corpo com armas leves. Ela traduz em 16 bits a heroína definitiva dos anos 90.
- T-800: lento, pesado e quase imparável. Seus ataques têm impacto e seu arsenal é mais brutal, perfeito para quem gosta de avançar sem medo.
- John Connor: mais tático, usando rifle de plasma, bombas improvisadas e munições variadas. Não é tão rápido quanto Sarah, mas compensa com alcance e estratégia.
Momentos lendários do filme estão aqui em forma de fases jogáveis — a briga no bar peladão, a perseguição de caminhão e a Harley-Davidson, a destruição da frota policial. Tudo retrabalhado com carinho em pixel art e animações detalhadas.
Como todo bom jogo retrô, a curva de aprendizado é parte da diversão. Para dominar No Fate, é preciso decorar os padrões dos inimigos, aprender a sobreviver a chefes gigantescos e, claro, rejogar várias e várias vezes. E o game incentiva isso com quatro níveis de dificuldade, permitindo que jogadores com diferentes níveis de habilidades possam desfrutar da aventura.
Se você não tem muita experiência com jogos retrôs, recomendo começar com a dificuldade "Moleza", que oferece uma experiência mais equilibrada. Porém jogadores mais experientes no gênero já podem começar na dificuldade "Hasta La Vista", que é bem mais desafiadora (e inclusive recomendada pelo pessoal da Bitmap).
Ainda temos a dificuldade "Dia do Julgamento", a mais difícil de todas e desbloqueada somente após concluir o Modo Mãe do Futuro. A vantagem de concluir o Modo História nesta dificuldade é a de desbloquear um menu de cheats/trapaças.
De forma geral, as diferenças entre as dificuldades giram em torno do posicionamento dos inimigos e do dano causado, nas lutas contra os chefões, no número de continuações e se o limite de tempo está ativado. A dificuldade "Dinheiro Fácil" não tem limite de tempo (exceto em uma fase) e permite continuações ilimitadas, por exemplo.
Visualmente, Terminator 2D é um capricho. Sprites enormes, animações fluidas, cenários cheios de referências, e todo um charme que poderia muito bem ter saido de um cartucho dos anos 90. A trilha sonora segue a mesma linha: acelerada, eletrônica, dramática. É o tipo de melodia que soa como um remix 16-bit da trilha sonora do filme.
Se existe um ponto fraco, é o mesmo que acompanhava os jogos da época: quando você aprende e decora tudo, ele fica mais fácil do que deveria. O Modo História pode ser finalizado em pouco mais de uma hora por quem já pegou o jeitão — mas isso faz parte do DNA desse tipo de experiência retrô.
No entanto, quem quiser platinar e fazer 100% do jogo, vai levar um bom tempo para conseguir, especialmente terminar na dificuldade mais elevada, que é bem barra pesada.
Considerações
Terminator 2D: No Fate é uma carta de amor da Bitmap Bureau e Reef Entertainment à franquia Terminator e aos jogos de ação retrôs dos anos 80 e 90, e em especial aos jogos explosivos do Mega Drive, que dominava esse gênero como ninguém. É o jogo que deveria ter sido lançado na época do lançamento do filme.
Para os amantes dos jogos retrô, o game é um verdadeiro banquete. Para fãs de O Exterminador do Futuro, é uma celebração. E para quem viveu na década de 1990, é quase como reencontrar um velho amigo na prateleira da locadora. É a oportunidade perfeita para reviver um dos maiores clássicos do cinema no bom e velho estilo 16 bits.
Terminator 2D: No Fate chega em 12 dezembro para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Switch, Xbox One e Xbox Series.
Esta análise foi feita no PlayStation 5, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Reef Entertainment.