Dying Light: The Beast finalmente traz sequência digna da franquia

O retorno de Kyle Crane marca a sequência mais intensa e bem estruturada da série

18 set 2025 - 12h59
Dying Light: The Beast finalmente traz sequência digna da franquia
Dying Light: The Beast finalmente traz sequência digna da franquia
Foto: Reprodução / Techland

Poucas séries conseguiram unir parkour e zumbis de forma tão natural quanto Dying Light. Desde 2015, a franquia buscava um capítulo que fosse capaz de expandir sua identidade sem perder aquilo que a tornou especial. The Beast assume essa responsabilidade trazendo de volta Kyle Crane, protagonista que carrega um peso emocional maior e uma trama mais dramática, marcada pela vingança e pelas consequências dos experimentos que sofreu.

Combinando exploração, combate visceral e um mundo cheio de perigos, o novo título busca não apenas recuperar a confiança de quem se frustrou com decisões passadas, mas também reforçar o motivo pelo qual Dying Light conquistou tantos jogadores ao longo dos anos.

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Em busca de respostas

Em Dying Light: The Beast, voltamos ao controle de Kyle Crane. O ex-agente da GRE passou 13 anos preso e usado como cobaia pelos acontecimentos de Dying Light e Dying Light The Following, sob o domínio de um homem conhecido como Barão. Certo dia, com a ajuda inesperada de alguém, Crane consegue escapar do laboratório e dá início a uma história de vingança. Agora, precisa se estabelecer na cidade de Castor Woods, em busca de novos aliados que o aproximem de seu objetivo pessoal, enquanto descobre mais sobre os experimentos conduzidos pelo Barão, responsáveis pela criação de criaturas chamadas Quimeras.

A trama em The Beast assume um tom bem mais cinematográfico e dramático em comparação ao que a franquia já havia apresentado. Crane prova o motivo de tantos jogadores pedirem seu retorno, já que é um personagem muito mais interessante que Aiden. O peso de ter passado tantos anos preso impacta diretamente em seu caráter, que já havia sido bem construído no primeiro jogo em que foi protagonista. Sua régua moral e as ações que toma desta vez são bem mais diretas, reforçando sua nova postura.

Outro ponto que merece destaque é a dublagem, tanto em inglês quanto em português. Felizmente os mesmos dubladores retornam, o que ajuda a transmitir ainda mais a intensidade da jornada e o foco de Crane em sua missão de vingança.

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Para quem não está familiarizado com o que aconteceu com Kyle Crane nos jogos anteriores, o título oferece uma recapitulação já no menu inicial. Narrada pelo próprio protagonista, ela resume bem os eventos passados e prepara o terreno até o gancho que leva à trama de The Beast.

Olivia é umas das principais personagens que ajudam o Crane
Foto: Reprodução / Matheus Santana

As missões secundárias, que sempre pareceram pouco inspiradas até mesmo em Dying Light 2, me surpreenderam positivamente em The Beast. Aqui elas estão mais bem trabalhadas, com diálogos consistentes entre os personagens e objetivos realmente interessantes. Tornar algumas delas um pouco mais lineares foi uma decisão que funcionou bem.

Uma das que mais gostei envolve um filho em busca do pai desaparecido. A investigação começa em uma cabana, avança até uma caverna e traz um detalhe marcante: o pai sofre de problemas crônicos de memória e acredita que Crane é seu filho. Nesse ponto, o jogo oferece escolhas de diálogo, permitindo tratar a situação com compaixão ou de forma mais direta. O pedido que ele faz dentro da caverna é intenso, já que exige plantar bombas enquanto vários Voláteis dormem por perto. O desfecho, junto da conversa final com o filho, mostra como a Techland realmente dedicou mais cuidado às missões secundárias desta vez.

Além delas, o mapa também conta com eventos aleatórios, como ajudar alguém sendo atacado por zumbis ou por grupos de humanos, que acabam sendo até mais perigosos que muitos infectados. Existem ainda as zonas escuras, semelhantes às vistas no jogo anterior. Esses locais, geralmente apartamentos ou lojas de conveniência, costumam estar cheios de inimigos mais fortes, mas que podem ser contornados ou eliminados de forma furtiva. O mapa já indica o tipo de loot encontrado em cada zona, o que ajuda a decidir se vale a pena investir tempo ali. Ainda assim, senti falta de variedade nesses ambientes. Os apartamentos foram os mais interessantes de explorar por oferecerem dois andares para investigar, enquanto outros espaços acabaram se mostrando mais simples e com menos inimigos.

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Castor Woods é um local bastante acolhedor
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Bem-vindo a Castor Woods

Castor Woods é uma região bem diferente do que já tínhamos visto nos jogos anteriores. Harran, cenário do primeiro título, remetia a locais da Turquia, enquanto a sequência em Villedor se inspirava em certos pontos da França. Já Castor passa a sensação de ter como referência regiões da Suíça e da Polônia, principalmente pela arquitetura antiga que remete a um ar histórico, pelas florestas densas cheias de trilhas e pântanos, além da montanha gelada ao fundo que lembra os Alpes suíços. O sistema de nível por região retorna e pode desagradar alguns jogadores, mas desta vez está mais balanceado, já que as missões oferecem uma boa quantidade de experiência, evitando a necessidade de “grindar” para alcançar os requisitos de áreas ou missões.

Para atravessar esse mapa amplo, o parkour continua sendo a essência da série e está tão refinado que é difícil imaginar como poderia evoluir ainda mais. Além disso, alguns veículos podem ser utilizados e aparecem marcados na bússola de Kyle. A direção é simples e prática, principalmente em missões que levariam muito tempo a pé. Ainda assim, demorei para me acostumar a usá-los, já que a movimentação com parkour segue divertida e empolgante.

Os veículos no jogo são fáceis de se achar
Foto: Reprodução / Matheus Santana

O carro disponível aqui, no entanto, não chega perto do que tínhamos em The Following. Lá, o veículo era rebaixado e veloz, transmitindo uma sensação de potência. Já em The Beast, ele acaba sendo uma picape de guarda-florestal, robusta, funcional e útil contra hordas de inimigos espalhados pelo caminho, mas sem a mesma ferocidade e estilo do anterior. Vale destacar que, por mais que seja prático atropelar zumbis, fazer isso repetidamente causa bastante dano no veículo e aumenta a chance de ele explodir.

Além disso, os veículos não possuem combustível infinito. É necessário procurar para reabastecê-los em postos de combustível ou em carros abandonados. E você definitivamente não vai querer ficar sem gasolina durante a noite, quando os Voláteis estão à espreita.

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Os perigos da noite 

Ter um combate corpo a corpo em primeira pessoa é algo que poucos jogos conseguem tornar divertido e com impacto, e The Beast se encaixa muito bem nessa lista. Crane tem acesso a uma variedade excelente de armas brancas, como machados, martelos, bastões, facões e outras. Os golpes transmitem realmente a sensação de impacto: os zumbis ficam visivelmente danificados, bamboleiam ao receber pancadas e até perdem pedaços do corpo. Um bom exemplo disso é o soco-inglês, que permite desferir ataques rápidos demais para que os inimigos reajam, enchendo a tela de sangue e miolos sem perder a graça em nenhum momento.

As armas de fogo, que chegaram a ser motivo de piada em Dying Light 2 pela forma como foram removidas da história, agora estão disponíveis desde o início. O problema é que a munição continua limitada, já que depende de comboios militares espalhados por Castor Woods — e nem sempre eles trazem o que você procura.

O pôr do sol marca as poucas horas até a chegada dos Voláteis
Foto: Reprodução / Matheus Santana

Entre os diferenciais do jogo, o Modo Fera é um dos pontos mais marcantes. Essa habilidade está ligada diretamente à trama, resultado dos experimentos sofridos por Crane. Como o nome sugere, ele literalmente se transforma em uma fera indomável, destruindo tudo pelo caminho. É uma vantagem especialmente útil contra as Quimeras, chefes únicos que protagonizam confrontos intensos. A ativação, porém, exige tempo, já que a barra só enche quando o personagem bate e também apanha.

A árvore de habilidades é bem direta e evita complicações. Os pontos se dividem em sobrevivência, com novas opções de fabricação (como um lança-chamas), agilidade, voltada ao parkour e perseguições, e força, com habilidades clássicas como a voadora. A novidade fica para a área dedicada ao Modo Fera, que só pode ser aprimorada ao derrotar uma Quimera e coletar seu sangue.

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Assim como sempre foi na série, a noite continua sendo a inimiga mais perigosa. Os Voláteis seguem protagonizando perseguições frenéticas, e a luz UV garante apenas alguns segundos de vantagem. A diferença é que agora é possível encarar essas criaturas de frente caso a barra do Modo Fera esteja prestes a ser ativada. Explorar à noite também garante mais experiência e abre espaço para atividades únicas, como as colmeias dos Voláteis e os refúgios de fugitivos, locais que oferecem itens valiosos para Crane.

Considerações

Dying Light: The Beast - Nota 9
Foto: Divulgação / Game On

Dying Light: The Beast pega tudo que funcionou na franquia e melhora pontos que pediam mais atenção, entregando uma sequência intensa e mais bem estruturada. O retorno de Kyle Crane dá novo fôlego à narrativa e garante um peso dramático que a série não via há anos, enquanto a ambientação em Castor Woods reforça a atmosfera única do jogo.

A Techland soube equilibrar novidades como o Modo Fera e o uso de veículos com a essência do parkour e do combate visceral, mantendo a identidade que tornou a série reconhecida. O resultado é uma experiência que respeita o legado dos anteriores, mas também mostra coragem em evoluir, consolidando The Beast como a sequência que os fãs tanto aguardavam.

Dying Light: The Beast está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series.

Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Techland.

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Fonte: Game On
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