Sanatorium acerta ao trazer um simulador incomum e cheio de tensão psicológica

Decisões médicas, clima pesado e mistério dão o tom dentro do manicômio

27 nov 2025 - 14h50
(atualizado às 14h51)
Sanatorium acerta ao trazer um simulador incomum e cheio de tensão psicológica
Sanatorium acerta ao trazer um simulador incomum e cheio de tensão psicológica
Foto: Reprodução / Shoreline Games

É difícil ver jogos apostando em simulação dentro de temas mais delicados. A maioria prefere seguir para fantasia, administração de cidades ou rotinas de trabalho, enquanto poucos encaram assuntos que exigem outro tipo de cuidado.

Sanatorium chama atenção justamente por isso. Ele recria um ambiente que raramente aparece nos videogames e faz isso com uma combinação de mistério, investigação e aquela sensação constante de que tem algo errado escondido nos cantos. A proposta de um simulador mais contido funciona bem e combina com a ideia de explorar práticas médicas antigas e métodos questionáveis que marcaram aquela época.

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Bem-vindo a Castle Woods

Se passando em 1923, nosso personagem é um jornalista dos anos 20 que não consegue arranjar emprego nenhum. Com as contas atrasadas e o peso do desespero batendo na porta, recebemos uma carta de um parente que não dava sinal há muito tempo. A remetente é Patty, a tia do protagonista, que foi parar no Sanatório Castle Woods, um lugar envolto em mistério e com poucas informações sobre o que realmente acontece lá.

Sem perspectivas e sem nada a perder, nosso protagonista decide se infiltrar no manicômio fingindo ser um estudante em começo de carreira, tudo para descobrir o que está acontecendo e tentar encontrar sua tia. 

Dentro do sanatório começamos uma série de investigações para entender o motivo de existir tão pouca informação sobre aquele lugar e por que não é possível visitar Patty, que está em uma ala isolada. Sanatorium tem uma boa história pelo clima dos anos 20, com uma trilha sonora que reforça a ambientação. Mesmo com poucos personagens fora das consultas, a trama é bem amarrada e me prendeu por um bom tempo para descobrir o que existe de tão estranho em Castle Woods.

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O ponto alto é que o jogo conta com legendas em português do Brasil. Tudo está bem localizado e isso ajuda muito nas conversas com os pacientes e na interpretação dos sintomas. Também facilita na hora de entender as mecânicas que dependem bastante da leitura.

Antes de cada consulta é possível ver uma previsão dos sintomas dos pacientes
Foto: Reprodução / Matheus Santana

A jogabilidade segue o estilo de point and click e visual novel. Temos câmera fixa, personagens centralizados e zero atuação. Tudo gira em torno de diálogos e leitura. Sempre que recebemos um caso precisamos fazer perguntas aos pacientes, mas esse sistema não é livre. Primeiro é preciso passar por uma sessão de testes que são comprados na enfermaria com o dinheiro ganho ao completar diagnósticos feitos de forma correta.

Esses testes variam bastante e incluem avaliação frenológica, testes de imagem, perguntas de lógica e outras opções. Quando acertamos as etapas, surgem os primeiros diagnósticos e, dependendo da pontuação, alguns sintomas escondidos são revelados. Isso ajuda na parte final, quando precisamos definir o quadro completo do paciente.

Para identificar corretamente os sintomas, o jogo usa uma mecânica baseada em um estudo real chamado Frenologia. Precisamos relacionar cada sintoma a regiões específicas do cérebro, como a embriaguez associada ao Ratio ou casos de amnésia e problemas de fala relacionados à área de Memória. Também existem áreas voltadas à Mania, para quem sofre com alucinações e distúrbios de sono.

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O doutor em alguns momentos faz pedidos um pouco suspeitos
Foto: Reprodução / Matheus Santana

A superfície dessa mecânica é interessante, principalmente pelos diálogos com os personagens que surgem na segunda metade do jogo, mas na prática ela não funciona tão bem. Existem momentos em que os sintomas se encaixam no mesmo módulo do cérebro e o jogo não explica direito como lidar com isso. Como essa parte é o coração da jogabilidade, pesa muito ver algo tão importante funcionar de forma inconsistente. Outra mecânica pouco explorada é a de determinar a recuperação do paciente após a consulta. Antes de entrar no escritório podemos até ver uma estimativa no prontuário, mas nada explica como definir o tratamento ideal. No fim vira um chute que decide se o paciente melhora ou piora.

Fora das sessões de diagnóstico não há muito o que fazer além de ir para o quarto e avançar para o dia seguinte. Até dá para explorar mais do sanatório para achar cartas que funcionam como evidências sobre o que acontece ali, descobrindo mais sobre os pacientes e o próprio lugar, mas a exploração é bem rasa. Essas cartas influenciam os múltiplos finais, mas funcionam melhor como conteúdo para uma segunda jogada caso você queira ver outras conclusões.

Considerações

Sanatorium - A Mental Asylum Simulator - Nota 7,5
Foto: Divulgação / Game On

Sanatorium entrega algo diferente do que estamos acostumados a ver no gênero. A ideia de misturar consultas, investigação e um sistema próprio de diagnósticos é boa e segura bem a primeira metade da aventura. O clima dos anos 1920 ajuda, a trilha sonora reforça o peso de cada sessão e o mistério por trás de Castle Woods mantém o interesse ligado o tempo inteiro.

A execução das mecânicas podia ser mais clara, principalmente nas partes ligadas à Frenologia e às decisões de recuperação dos pacientes. Esses momentos afetam o ritmo e deixam a experiência mais travada do que deveria. Mesmo assim, o jogo acerta no que tenta fazer e cria uma ambientação sólida para quem gosta de narrativas sombrias e investigações lentas.

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Sanatorium - A Mental Asylum Simulator está disponível para PC.

Esta análise foi feita no PC, com uma cópia do jogo gentilmente cedida pela Shoreline Games.

Fonte: Game On
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