Aos 42 anos, Rafael Moura está acostumado ao ambiente de muita pressão. O ex-jogador de futebol, com passagens por clubes como Corinthians, Fluminense, Internacional e Atlético-MG, viveu anos marcantes dentro dos gramados. Desde a aposentadoria, em 2021, incentivado pela esposa, ele encontrou no triatlo uma uma oportunidade de reconstrução pessoal, uma forma de preencher o vazio que costuma acompanhar o fim de uma carreira dentro das quatro linhas.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
Apesar de tratar a prática como um hobby, o He-Man, como ficou conhecido pelos torcedores, acumula participações em maratonas, desafios de resistência e mira o Mundial da modalidade. Neste domingo, 30, ele será um dos 1.300 inscritos para a competição que acontece na Praia de Atalaia, em Aracaju. Se no futebol o cabeceio era uma de suas principais características, no triatlo Rafael garante se destacar no ciclismo. "Eu vim do bicicross, então, tenho uma bike realmente muito forte", afirmou ao Terra.
Por outro lado, a natação é uma preocupação para o ex-centroavante. "Sou muito pesado da cintura para baixo. Tenho dificuldades para boiar e isso atrapalha. O arrasto é muito maior. Estou deixando a desejar na natação, mas pretendo que ela melhore em breve para eu ter mais chances de brigar por pódio na minha categoria. É o meu sonho conseguir uma vaga para o Mundial", revelou.
Esta será a segunda vez que o He-Man irá competir em Aracaju, sendo a oitava no Ironman 70.3. Por conhecer parte do trajeto, a estratégia adotada será mais conservadora, especialmente por conta da alta temperatura na capital sergipana. O objetivo é concluir os 1,9 km de natação, 90 km de ciclismo e 21,1 km de corrida em até 5h20.
"Estive aqui no ano passado. O calor é muito intenso. Na hora que chega no final da bike para o começo da corrida, começo a sofrer bastante. Sempre penso em melhorar o meu tempo a cada prova, tenho feito isso em sequência. Fazer em até 5h20 já seria um grande trunfo", projetou.
"Para essa prova, trago do futebol a questão mental, de saber sofrer e saber dosar. Vou forçar até onde eu estiver me sentindo bem. Se passar do ponto tem a chance de quebrar e isso não é o que eu quero. Quero completar bem a prova e preciso lidar com esses momentos de frustração e de pressão", completou.
Estar exposto a condições adversas ao longo das competições fez Rafael desenvolver ainda mais sua resiliência em outras áreas da vida. Nos últimos anos, quando perdeu a mãe, ele foi acometido por um quadro de depressão e admitiu que o triatlo o auxiliou para superar o momento.
"Sempre faço questão de falar sobre. A depressão está cada vez mais presente nas conversas e nos esportes. A Simone Biles mencionou isso. Perdi minha mãe bem no ano da minha aposentadoria e precisava fazer algo em que eu me sentisse útil. No futebol, a gente aposenta muito novo e ainda está com o corpo e a mente ainda em atividade. No triatlo, você treina em conjunto, mas está sozinho nas provas. Isso me fortaleceu. Hoje sou um cara alegre, feliz e comunicativo. Gosto de estar aqui no meio de todo mundo e receber essa energia".
De fato, o He-Man é muito solicitado por fãs para fotos e vídeos enquanto caminha pela orla da Praia de Atalaia. Mesmo com a nova realidade, os tempos de jogador sempre farão parte da história do antigo goleador. Agora, no entanto, ele garante que mudou de posição. "Comparando por posições, acho que no triatlo sou mais um lateral, que vai e volta com intensidade, mas também com muita resistência", divertiu-se.
- Todas as etapas do Ironman Brasil têm patrocínio da Vivo.