Opinião: Neymar dá all-in na carreira ao priorizar futebol em retorno ao Santos

Neymar está em casa. Sim, essa frase já virou clichê para falar sobre o retorno do craque ao Santos. Porém, não existe maneira melhor de definir a volta do atacante ao Brasil. Podemos pensar na casa como sinônimo de lar mesmo, onde todos nós costumamos nos sentir o mais à vontade possível, mais acolhido e, principalmente, mais amado.

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Durante a coletiva, o novo camisa 10 dos Santos confessou que sentia que estava com a energia renovada e que parecia o mesmo menino que subiu para o profissional aos 17 anos. Neymar, posso te falar uma coisa? Nem precisava falar, tava estampado na sua cara.

Pela 1ª vez em muito tempo, diria que vimos um Neymar aliviado em uma entrevista coletiva, a última, talvez, tenha sido na midiática apresentação no PSG. No entanto, na chegada à França, pairava no ar uma pressão de quem sabia que tinha trocado a certeza do sucesso no Barcelona por um projeto incerto.

Depois daquele dia, Neymar passou a figurar muito mais nas páginas de fofoca –relacionamentos, filhos e bate-boca na web-- e até policiais --teve acusação de violência sexual, problemas com a Receita Federal e multa ambiental—do que pelo futebol praticado dentro de campo. Aqui, faço uma ressalva, os problemas físicos o atrapalharam muito durante o período no PSG e esconderam boas temporadas, que acabaram interrompidas precocemente e encerraram a chance de títulos individuais.

Os insucessos dentro de campo, fizeram do menino Ney, um adulto irritado. O sonho de ser melhor jogador do mundo e fazer história na França foi ficando cada vez mais distante. Na Seleção Brasileira, apesar de se tornar o maior artilheiro da história, os títulos não vieram. Pelo contrário, colecionou expulsões e frustrações em três Copas do Mundo prejudicadas por lesões.

Na Vila Belmiro, Neymar mostrou hoje que voltou a ser um Menino da Vila, bateu muito na tecla que retornou para ser feliz e em busca de um resgate futebolístico. Ao chorar algumas vezes, mostrou que deseja voltar a ser feliz fazendo o que mais ama, que é jogar futebol.

Durante muito tempo, Neymar virou sinônimo de um jogador que só queria saber de jogar por dinheiro. Outro dia, em uma busca rápida no Google, me deparei com um vídeo meu aqui no Terra com o seguinte título: “Neymar decidiu se aposentar ao escolher jogar no Al Hilal”. Pois bem, mudei de ideia, acho que Neymar também. Ele ainda quer ser jogador de futebol, por isso escolheu o lugar onde foi mais feliz na carreira.

Como fã de poker que é, Neymar sabe que a Copa do Mundo de 2026 vai ser o all-in. Se levar a Seleção Brasileira ao hexacampeonato, vai ser lembrado como herói e pode até beliscar uma Bola de Ouro. Se falhar na missão, vai conviver o resto da vida com o estigma de um jogador que tomou decisões equivocadas e desperdiçou um potencial imenso.

Para os haters, a importância de Neymar ficou claro nesta sexta-feira. Milhares de pessoas ficaram desde cedo acompanhando o jatinho que trouxe o craque ao Brasil. O assunto tomou conta das redes sociais, e a emoção estampada no rosto de quem esteve na Vila Belmiro.

Gostem ou não, Neymar é o maior jogador nascido em solo brasileiro desde a dupla de Ronaldos. Ele marcou uma geração pelo talento, dancinhas e cortes de cabelo. E ele faz parte, sim, do bom futebol do Brasil.